sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

Ano-Novo | Año Nuevo| New Year | Nouvel Anneé | Nuovo Anno | Neujahr



Ele nunca teve um título, é um desenho que fiz para cartões*, desses onde se escrevem mensagens, no caso ele eu usava em pequenos cartões para acompanhar presentes, com detalhe de fiozinho dourado. 
Mas ele está aqui hoje para acompanhar meus agradecimentos a todos os que visitaram o blog neste ano de 2010. 
Isso mesmo, não fazem ideia de quanto foi importante para mim abrir a página inicial e verificar que, além de mim e de alguém que conheço pessoalmente, havia a cada dia mais visitantes. Mais do que eu podia supor que um dia se interessariam pelo que publico aqui. 
Tem sido surpreendente mesmo, não há como mensurar a alegria que sinto a cada vez que descubro mais um que me acompanha publicamente ou não, mais um visitante. Cada comentário é lido com atenção, interesse. Visitas e comentários são diálogos, já disse que gosto muito de diálogo, dialogo até com desenhos.
Dei uma olhada nas estatísticas do blog e, não sei se não me confundi, mas há visitante da China, Finlândia, França, Canadá, Estados Unidos, Portugal, Argentina, Lituânia, Reino Unido, Bélgica, Rússia, enfim, não é só do Brasil. É emocionante e foram vocês que me proporcionaram essa emoção.
Voltem sempre que quiserem, serão muito bem-vindos. Os visitantes eu posso contabilizar em números com o contador, mas é só para eu ter uma noção, são pessoas e não números para mim.
Não posso nomear cada visitante do blog, posso, sim, agradecer a presença de cada um, desejando que o Ano-Novo lhes seja maravilhoso, de renovação para realizarem o que for essencial para cada um. Ontem falava com uma amiga ao telefone e chegamos à conclusão de que temos muitos sonhos e mais desejos do que se podem realizar num único ano, mas que ao menos os essenciais aconteçam!
Faço um agradecimento especial aos que me acompanham: Eugenia (eboisselier), a primeira a me acompanhar publicamente, ela é artista plástica das boas e estudante de arte na Argentina; Espinho, a banda Espinho de Limoeiro, é Gabriel que acompanha o blog; Andrea, uma querida que tem um blog fantástico; Pedro, este eu conheço há um bom tempo, me acompanha nas artes e sabe da arte de tratar das emoções do outro como poucos; Cendrini, artista francesa, que descobri no blog de Cathy Cullis e desenha com rara beleza e sensibilidade;  Olavo, que parece não ter um blog mas vi que também acompanha blogs interessantes de Cabo Verde e de Portugal; Henrique, que sabe muito bem como fazer arte com a, para mim difícil, técnica da aquarela; Patricia, Contadora de Histórias, o que admiro bastante; Vibhuti, que, entre outras atividades, é arte-educadora e massoterapeuta, duas artes importantes para a vida de qualidade; Lou, artista plástica múltipla, que faz fotos de que gostei muito (e falo sério!);  e  lestecomunitária, que deve ter sido a primeira pessoa de fato a acompanhar mas só recentemente apareceu na página, é ligada a educação, cultura, acompanha blogs de literatura, o que é maravilhoso.
Procuro sempre ir ver se quem me acompanha aqui tem um blog, se conta o que faz, pensa; tenho prazer em conhecer cada um de vocês, isso talvez me ajude a entender por que dialogam comigo. 
Então, que venha 2011!


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* Originalmente no desenho havia a ano de 2001, foi um ano de muita criatividade e, digamos, sorte por isso trago o trevo de quatro folhas de volta, quem sabe dá sorte mesmo!

ML_Here in Brazil too the four leaf clover signs luck, good luck. It is my desire for all the people that visited and followed my blog in 2010.  I'm very happy with each one of you, and thankful for your presences. It was very important and a beautiful surprise to me. 
You'll always be welcomed!
I want you have a nice 2011!


quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

(Não) RECOMENDO_ Livro



Vou lhes apresentar um dos meus livros favoritos. É um livro infantil, sim, e também vão saber que não abandonei minha criança interior!
E ele não é um livro que ganhei na infância, foi comprado por mim em 1984, eu, já bem longe dessa época de encantamento mais fácil, ou que pelo menos deveria ser para todos e infelizmente não é bem assim.
Não pude largá-lo desde que o vi numa livraria e não num sebo, embora se pudessem vê-lo notariam que as folhas estão todas soltas(1) e há um leve amarelado nelas de tão manuseado. Lido, relido. Há uns anos ainda encontrei um exemplar e dei a um menino com a esperança de que ele também gostasse do livro e sobretudo de ler. 
Ia recomendar o livro aqui mas parece que está esgotado, então preferi apenas dividir com vocês alguma coisa dele, começando por uma ilustração, a da página 19 e lendo, quer dizer, copiando o texto da página anterior com que a ilustração se relaciona

SOU GENTE
  ESTOU DE PÉ
            DESENHO COM O PÉ
 UM CÍRCULO
FICO PRESO
           NO LAÇO QUE CRIEI

Está escrito desse jeito mesmo, com letras "grandes", no livro Conversa de corpo de Priscila Freire(2) e ilustrado por Benjamim. 
Só este trechinho já me fez pensar num mundo de coisas sobre a vida, há círculos que nos impedem de andar muito, que nos restringem, não é? Há outros, e desses a gente gosta muito, que nos abrigam, protegem. Este é o caso das amizades, dizemos, círculo de amigos! Fazemos parte do círculo de amizade de fulano com alegria e isso é bom.
Ai, deixem eu mostrar a capa, quem sabe, fica mais fácil de achar(3)

Editado pela Miguilim

O ilustrador, (Marcos Coelho) Benjamim, é já há muito tempo um artista plástico com obras marcantes no cenário das artes. Não sei se quando comprei o livro me dei conta de que esse Benjamim do livro era o artista. Vai saber por que assinou o livro assim!
Gosto muito do que Marcos faz e pensa sobre arte, logo que me seja possível vou fazer uma postagem sobre ele. Por ora fica a ilustração e o trecho do texto de Priscila e a vontade de ler mais uma vez e outra, mais uma e depois de novo. Leio meio criança, meio eu agora mesmo, leio de corpo inteiro e com olhos novos de ver cada uma das ilustrações.
... mas eu ia falar em laços, não era isso?
 
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1. Trato livro com cuidado, as folhas se soltaram por terem sido coladas e não encadernadas com grampos como nas edições menos antigas. Já estou programando um restauro porque tenho conhecimentos de encadernação. Vou fazer com carinho, prometo.
2. Priscila (Euler) Freire (de Carvalho) é mineira de Belo Horizonte, Minas Gerais, foi aluna do grande pintor Alberto da Veiga Guignard, é formada em biblioteconomia. Além do Conversa de Corpo, escreveu A viagem do João de Barro, Histórias de Guignard, também foi diretora do Museu de Arte da Pampulha e idealizadora da Casa Guignard.  
3. É brincadeira o título da postagem, eu RECOMENDO verificar na Miguilim se está mesmo esgotado porque entrei lá e não tem nada dito, parece aberta a pedidos, tem até link para isso.

ML_The first figure is not mine, this ilustration was made by (Marcos Coelho) Benjamim, an important brasilian artist, graphic designer, ilustrator and, I knew today, he makes theatre sceneries too. 
Conversa de corpo [Body conversation] is a book for children but I was adult when bought it to myself. I love the ilustration and the text of Priscila Freire

I'M HUMAN BEING / I STAND /  I DRAW WITH MY FOOT / A CIRCLE / I REMAIN IMPRISONED/ WITHIN THE BOND I CREATED

I think there are bonds that really aren't good, but one kind of bond  we like is that of friendship, isn't it?
This is only a free thought because is better to read the complete history. Even in Portuguese it seems to be dificult to find this book now, I have an old edition of 1984. Because of this reason I almost don't recommend the book to nobody but I decided to tell somethings about one of my favorites books to you.

Rubra | Bloody Red



Rubra | Bloody red

Desenho meu, feito no início deste mês, à noite, algo que não costumo fazer por causa da luz artificial, essa luz altera minha percepção das cores. Evito.
Mas a vontade e a urgência mesmo eram grandes, posso dizer, incontroláveis que nem pensei nisso. Era naquele momento ou never! Ainda demorei um tanto decidindo as medidas, com que giz, e o papel? Toca procurar uma folha em branco, não muito grande. Quase fiz no verso de uns esboços mas o papel, num papel sem qualidade... nem pensar, fui logo vetando a ideia infeliz! 
Ai que bom, encontrei um pedaço perfeito de papel Murillo, da Fabriano. É de celulose, mas aprecio a textura fina dele, sempre arranjo um cantinho no coração para um papel de boa marca. Digo isso porque tenho uma predileção explícita pelo Fabriano 5.
Rubra é de pequenas dimensões (9x9,5 cm), tinha de ser pequeno por causa de minha ansiedade. Mairor, demoraria mais para fazer. Claro que ansiedade não deve ser critério para fazer arte, mas achei mais aconselhável dar um espacinho para ela no processo criativo. 
Há dias tinha feito um molde vazado, portanto a forma, o processo estava in progress. Fiz o molde* um pouco mais sofisticado, normalmente tem só com uma abertura simples e esse caprichei

 

Escolhi os giz novos, na verdade cores novas, porque costumo usar giz da Caran D'Aché há algum tempo, mas encontrei uns avulsos na Casa do Artista e decidi trazer mais cores para minha paleta. Estava sentindo falta dessa renovação e muito afim de vermelhos. Estes verdes foram bem-vindos também. Deu um certo receio de não simpatizar com eles mas ficaram bons ali.

Pois, assim que dei por terminado o desenho, estranhei, daquele jeito que já contei que acontece, não conseguia ver, me entender com  o tal desenho. Pensei em deixá-lo de lado por um tempo, olhar melhor depois, em outro dia, mas que nada, fui mexendo, acrescentando cor, raspando a superfície do desenho aqui e ali.
Não sosseguei enquanto ele não me apareceu.
Incluí no processo um andar com o desenho pela casa, observando sob luzes de tipos diferentes até ver e saber que ele não suportaria mais interferências minhas. No dia seguinte, corri vê-lo novamente e, ufa!, ficou tudo em paz entre nós.

Gosto dele, da aparência, das texturas, do jogo de claro e escuro dos tons, da forma bojuda e especialmente do que Rubra significa no sentido da retomada do desenho. Fiquei grata por começar a fazê-lo como um exercício e, no fim, poder mostrar como meu desenho, de querer que vissem comigo.
Ele provavelmente vai ser meu último desenho de 2010, isso se amanhã ou ainda hoje não me der um sei lá o que de desenhar mais.
Ano que vem certamente virão outros...

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* As partes A e B do molde são móveis, permitindo umas poucas variações, mas achei interessante e pode ser que torne a coisa mais complexa se precisar fazer novos moldes. A necessidade e criatividade vão me guiar nisso.

ML_ I don't write very well in English, but I want to say Bloody red is my return to drawings. 
Now I'm learning how to photograph and couldn't reorganize my creative life ;) yet.
This year I made lesser drawings than I would like to... 
Next year one desire of mines is to draw more!

domingo, 12 de dezembro de 2010

Fotografando



Fotograma

Não é o nome da obra, é a técnica e o que ela é. Este é um fotograma Sob a luz. Eu o fiz. 
Isso foi durante uma das aulas de fotografia no Museu Lasar Segall em São Paulo.
É um pouco complicado falar sobre como foi feito, mas vou procurar ser clara.
Um dos primeiros materiais da lista do que seria necessário para as aulas foi o papel fotográfico. 
Trata-se de um papel preparado com uma emulsão composta de substâncias sensíveis à luz, quer dizer que, quando o expomos à luz, ela reage, registra a luz emitida pelos objetos tocados pela luz do sol ou de fontes artificiais, as lâmpadas, gravando a  imagem desses objetos. No meu caso, o papel usado foi o Kentmere mas poderia ser da marca Ilford(1), porque a intenção, mais tarde, era fazer fotografias em preto e branco (P&B) e aprender como se revela filme P&B(2).
Fotograma é um tipo de fotografia que se faz sem câmera fotográfica e é preciso, imprescindível mesmo que a realização do processo seja onde se possa controlar a entrada de luz, porque o papel fotográfico se exposto a ela na hora errada, ou seja, quando não estamos com tudo ajeitado, vamos conseguir apenas que o papel, depois de revelado, se mostre inteiramente preto. Falo sério!
Fiz no laboratório do Lasar, mas pode ser feito num banheiro bem vedado à luz. No laboratório dispomos de um aparelho chamado ampliador, ele concentra a luz num ponto sobre a mesa em que se dá o processo. O que já ia me esquecendo de contar é que, como a emulsão no papel reage imediatamente à luz comum, branca, e temos de ver o que fazemos, a única luz que fica acesa é a vermelha. 
Não vou dar detalhes aqui até para não virar uma aula, vou dizer só o essencial. A gente coloca o papel sob o ampliador, que deve estar com a luz branca apagada ou protegida com um filtro vermelho, pois todo cuidado com o tal papel é pouco. Sobre o papel arranjamos objetos de nossa escolha, que devem ser de preferência opacos ou com pouca transparência, melhor objetos translúcidos,  para oferecerem, digamos, uma certa resistência à luz e serem registrados sobre o papel. 
Com tudo no seu devido lugar, vamos apagar a luz vermelha e acender a do ampliador por alguns segundos e apagá-la(3). Os objetos fazem sombra sobre o papel, a emulsão vai ser sensibilizada pela luz onde os objetos não estão, ou onde a luz atravessa a superfície translúcida desses objetos, fazendo um registro deles.
O que se vê no Sob a luz é isso. Usei uma pena de pomba, bolinhas de gude e uma peneirinha de metal. Não tinha noção de qual seria o resultado, tem de experimentar. Surpresa boa! Gostei dos efeitos. 

Mas para chegar nessa imagem foi preciso fazer a revelação com produtos químicos, porque o papel fotográfico continua branco, como antes da exposição rápida à luz pela qual passou, e mais: continua valendo a história de não poder acender a luz branca, apenas a vermelha para não perdermos a imagem latente dos objetos registrada no papel.
A seguir são feitos os banhos, cada produto fica em um recipiente com água. Primeiro o papel passa um tempo mergulhado no revelador e aos poucos a imagem começa a se revelar e para mim é sempre emocionante esse momento, é bonito, mágico, ali se vê se deu certo ou não o procedimento que realizei.(4) 
Sempre se retira o papel de um recipiente com uma pinça especial e o deixa mergulhado por um determinado tempo no líquido. Depois, vai para o recipiente com o interruptor, ele interrompe a ação do revelador. Em seguida o colocamos no recipiente do fixador, para imagem não se apagar do papel, quando voltarmos a acender luz branca. Aliás, o próximo passo já pode ser feito às claras.
É a lavagem, neste banho em água corrente vão ser eliminadas as substâncias responsáveis pela formação da imagem, os cristais de prata que não regiaram para formar a imagem e ficam soltos(5), e ainda resíduos dos produtos da revelação.  
Nas imagens abaixo (detalhes), podem ser notadas as áreas escuras, as cinzas 



e as brancas do fotograma


Onde está preto é a área de maior exposição do papel à luz; as áreas em tons de cinza e a que está em branco receberam menos e nenhuma luz, respectivamente.

Um dia desses espero contar um pouco da história dessa técnica que a mim encanta e que ajuda quem vai começar a fotografar a entender como funciona a luz e os materiais  fotográficos e mesmo o modo como vemos objetos no mundo. Vemos as coisas porque refletem a luz que incide sobre sua superfície(6).
Podemos nos ver, um ao outro, exatamente pelo mesmo motivo.




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1. Estes papéis para fotografia P&B e outros materiais, como filmes P&B, podem ser encontrados em São Paulo, na rua Conselheiro Crispiniano, 105, rua próxima à estação de metrô Anhangabaú, subindo a rua 7 de Abril, segunda rua à direita. Neste mesmo endereço estão duas lojas, a Chromur e a Consigo, respectivamente no térreo e no primeiro andar. Vale ir numa e depois na outra sempre, porque os preços são diferentes para os mesmos produtos, às vezes uma tem o que se quer e a outra não. 
Dá para comprar pelos sites, e é bom visitá-los para verificar que esses papéis não são baratos, porque de grande qualidade. Aliás, é nisso que temos de pensar quando compramos algo especialmente na área da fotografia. Para começar comprei o mais em conta, na época, o Kentmere.
Com a debandada de muitos fotógrafos para o mundo digital, filmes e  papéis fotográficos desse tipo tiveram sua produção reduzida, há, por exemplo, filmes fantásticos que não são mais produzidos. É gostoso e importante saber que sou mais uma a precisar que a fotografia de filme permaneça, que não seja banida do planeta, como muitos ou nem tantos querem. 
Tem sido gratificante ler em blogs, em sites, fóruns, gente falando com orgulho de suas velhas câmeras de filme, herdadas de pais, avôs, compradas usadas ou seminovas. Li um depoimento de um moço com desejo de deixar a dele para o filho, apesar de expor sua dúvida sobre se ele vai querer. São jovens essa pessoas, a maioria é de homens, mas há mulheres também. Esse tipo de câmera ainda é fabricada, juro que li isso em algum lugar, só fiz a besteria de não guardar o endereço do site. O filme com que fiz as fotos mostradas em postagem anterior, dizem, não é mais produzido, era o Kodacolor 110. Eu, fica uma esperança de estarem enganados.
2. Não vou entrar em detalhes, mas devo dizer que a revelação de filme P&B é menos complicada que a de filme colorido. Fato que é ótimo pois aumenta a vontade de aprender os procedimentos de revelação e de montar o próprio laboratório para ter um certo controle da qualidade da revelação e também das cópias, aquelas que chamamos de fotografia e podemos pegar com as mãos e podemos colocar, entre outros suportes, em portarretratos sobre a mesa de trabalho ou na carteira e mostrá-las aos amigos.
3. No laboratório do Lasar, o tempo e mesmo o acender e o desligar a luz do ampliador pode ser regulado por um timer. O tempo que determei para a exposição à luz do material sobre o papel para este fotograma foi de 2s.
4. A revelação como descrevo é muito semelhante à de filmes, sobretudo os P&B,  só que estes são colocados em recipientes diferentes de que não falo agora porque este não é um manual e teria de me alongar muito. 
5. Os cristais de prata, presentes na emulsão de que falei, escurecem em maior (onde a cor é preta) ou menor grau (tons de cinza) onde não chega a luz ou nas áreas tranlúcidas onde a luz atravessa atingindo mais ou menos a superfície do papel.
6. embora não o assunto aqui não sejam as fotografias coloridas, vale lembrar que a luz quando é refletida pelo o objeto resulta na cor. O preto absorve todas as cores, há quem não considere preto uma cor, preto seria ausência de cor. No caso da fotografia P&B, as cores são "traduzidas" em preto, branco e tons de cinza por uma questão dos componentes do filme e do papel fotográfico específico para esse tipo de fotografia. Não me refiro a fotografia digital, que apresenta lá suas características próprias.


Fotogrando2


Achei melhor fazer umas observações em separado porque me excedi na anterior, temo ter sido muito técnica e até tornando meio aborrecido o texto. Eu bem que tentei não ser mas...

Não é por alguma implicância ou purismo que não me refiro à fotografia digital. Não é o tipo de fotografia que estou fazendo no momento, não sei muito sobre o assunto, é só isso. Na verdade, redescobri que fotografar me interessa fotografando com a câmera digital do meu celular, também aprecio filmar nele, ih, é outra história. 
Gosto de pensar que cada meio tem suas qualidades, suas especificidades e produz resultados diferentes. Acredito em qualidade da fotografia e, antes, na qualidade da sensibilidade, da emoção, da intenção do ser humano por trás da câmera seja ela digital ou de filme. 
Tenho uma postagem a caminho em que falo um pouco da qualidade do que pode ser feito em termos fotográficos com uma câmera de buraco de agulha, a que pode ser feita com uma lata de leite, uma caixa de papel com um furo de agulha, sem lente, com a qual fazemos registros fotográficos diretamente sobre um pedaço de papel fotográfico dentro dessa lata ou caixa, de modo muito semelhante ao que se fazia num tempo muito distante do agora e que permanece como objeto de encantamento para muitos de nós, que tivemos ou não a experiência de fazer, mas sobretudo a de ver o resultado dessa câmera simples, pero no mucho.
Não desprezo tecnologia, por exemplo, sei de papéis maravilhosos para a impressão de fotografia digital. Digitalizei o fotograma Sob a luz. E me alegro com a possibilidade de  imprimi-lo num desses belos papéis! A tecnologia digital é bem-vinda, procuro somar recursos e não extinguir alguns.

Eu me imagino, sim, trancada num quarto escuro revelando papéis recém-saídos de minha câmera de buraco de agulha ou revelando filmes P&B, tudo com a delícia de ver as imagens surgidas. No caso do que é registrado diretamente nos papéis, como se pôde ver que acontece com os fotogramas, a imagem aparece pouco a pouco sobre o papel fotográfico durante a revelação, algo que, volto a dizer, é lindamente observado durante a revelação sob a luz vermelha, mas no caso dos filmes veem-se as imagens somente depois de retirá-los do recipiente vedado a qualquer tipo de luz e melhor ainda durante o processo de ampliação seguida de revelação, de que não vou falar agora.

Então as fotografias digitais... 
Há portarretratos digitais, não é? E as fotos agora são vistas nos celulares, enviadas por e-mails. Isso não há como negar que é bom.
Algo com que concordo com Vera, fotógrafa e orientadora do curso no Lasar, é quanto a fotografar com consciência do que se está fazendo. Os ajustes da câmera, a observação da luz, a leitura da cena, outras tantas leituras, entre elas, a da fotografia em si; o estudo, a seriedade; o não acionar o disparador por acionar, por um ato mecânico do dedo movido meramente pelo desejo de registrar tudo o que te passa diante dos olhos. O educar esses olhos a detectar o instante de o dedo pressionar o disparador, o exercício, o experimentar, o analisar, o crescer do olhar atento e exigente e sensível.
Isso tudo, creio, vale para quem usa câmeras de filme como para os que fotografam com as digitais. E vice e versa.
 




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1. Ver o filme revelado é outra emoção, não menor só que não observável até chegar no momento da lavagem, porque ele reage a qualquer tipo de luz, não escapa nem a vermelha, por isso é revelado num pequeno tanque muito bem vedado à luz. Já passei por uma grande ansiedade durante a revelação de filme P&B no laboratório. Ainda conto.

sábado, 4 de dezembro de 2010

Recomendo_Música




Não vou mentir, fazia um tempo considerável que não ouvia Otto, cantor, compositor e instrumentista. Foi bom receber mensagem de Veri(1) em que havia esse flyer sobre a apresentação dele no SESC Campinas (SP), daí me toquei e voltei a ter vontade de ouvir música dele, saber se ainda posso gostar do que Otto faz.
Gosto de algumas letras de Otto. 
Neste país, em que qualquer um é compositor, cantor ou músico, não importando se o que faz é bom ou não, desde que apareça na Globo, Otto é bem-vindo pela qualidade de sua música. E, por isso é bacana que ele apareça em trilha sonora de novela global mesmo com letra de Crua(2) alterada. 
Parece haver uma epidemia de música ruim com letras sem sentido ou muito iguais, arranjos pobres porque respeitando fórmulas repetitivas, batidas, surradas... não é mais preciso saber cantar, interpretar, tocar um instrumento, escrever uma letra, se arriscar a não ser entendido por uma multidão de pessoas mas fazer beleza, talvez passar mensagem ou não, mas que tal algo significativo, seja lá  o que quer dizer isso?
E não me refiro apenas ao que acontece no País, é uma onda globalizada, ou seja, se espalha pelo mundo todo em maior ou menor profundidade nas sociedades. 
Sei que a vida não está fácil, mas pensar, refletir pode continuar fazendo parte do cardápio para a alma, para o cérebro, eles precisam disso para nos manter vivos, criativos, expressivos. Pensar é um alimento saudável.
Otto no SESC Campinas, pode ser um banquete!

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1. Trata-se de Veridiana Weinlich do MILK, um espaço de arte, entrenimento e gastronomia aqui em Campinas (SP). Fica à rua Sampaio Ferraz, 581, esquina com Antonio Lapa, no Cambuí. Tem até uma indicação na Veja Campinas



sábado, 27 de novembro de 2010

Saída



Saí por ali. Percebi que havia descido na estação certa do metrô, a Paraíso, só na volta. 
Ao sair por essa porta pensava que havia descido na estação errada(1). Na Vergueiro, isso porque ao achar a seta indicando a Saída, que, sei lá o que me deu, eu buscava com certa pressa... bem, nesse momento lia também o nome de duas ruas, a Vergueiro e a outra não me recordo, nem vem ao caso, e saía assim mesmo.(1)
Na verdade a questão não era essa, não percebi onde desembarquei e menos ainda que não era a Saída que pretendia encontrar. Fui ver isso já ultrapassada a roleta e então decidi que não valeria a pena retomar o roteiro inicial, feito no dia anterior: chegar à av. Paulista, almoçar e ir à Casa do Artista, antes de ir ao Museu Lasar Segall para visitar a exposição e assistir à aula de fotografia.
Vergueiro, sabia que o Centro Cultural  São Paulo (CCSP) era nessa rua. Eu me propus a encontrar ou pelos menos almoçar por ali mesmo. Isso era necessário.
Não pensem que sabia para que lado devia ser o CC. Sabia que era no número 1000, só que não me lembrava. Não me ocorreu pensar nisso, estava ainda sob efeito da surpresa de não ter feito as coisas que me levariam à Paulista. Juro que não sei o que me deu para repentinamente procurar a Saída com uma certa... a palavra que pode descrever isso é determinação, minha. 
Saí andando rumo à Saída, na calçada, dobrei à direita e me fui pela Vergueiro.
Não me interessava por nenhuma lanchonete, lançava meu olhar o mais adiante possível tentando encontrar um prédio grande que pudesse ser o CC. 
Avistei um, já pronta para  refazer o caminho de volta e comer na Millenium, a primeira lanchonete com que não simpatizei.
Acredito que não preciso dizer, mas vou: aquele era.
Estranhei, não parecia ser porque imaginava um prédio com alguns andares, aquele era térreo e, de onde estava, do outro lado da rua, não conseguia ver o nome escrito no vidro da fachada. Só bem na frente, pude ler. 
Rua atravessada, entro, me dirijo ao balcão de informações e consigo um gentil cicerone até a lanchonete. 
Estranho é alguém chegar num centro cultural à procura de comida, mas não tinha alternativa. Expliquei que tinha compromisso, que desci na estação errada e demorei um pouco a chegar ali, então tinha de almoçar para depois ver se sobraria tempo para visitação. 
Andamos um pouco e indo rampa abaixo, ele me explicava aqui fica isso e aquilo e lá estão ampliando. Eu olhava a imensidão do prédio e não podia imaginar ampliações, céus!, para onde mais iria a construção de espaços já tão grandiosos. Fui insandecendo, no sentido positivo(3).
Resisti bravamente e segui meu roteiro. Almocei. 
Isso foi ao ar livre, ao lado de umas plantas, embora estivesse um friozinho. 
Só depois visitei o CC. Vi quase três exposições!(4) O que mais me chamou atenção mesmo foram os livros. Esses, em quantidades enormes e mais o direito a muitas mesas para leitura à vontade, vejam isso


Não é magnífica a visão? Não desci lá, vi de cima. Deu vontade de me jogar no mar de livros. Brincaderia, mas pensei de verdade, quase falei em voz alta! Um momento de livre-pensar, é só pensar.(5) Evidente que o ato realizado causaria danos aos livros e a mim.
Vi dois rapazes numa dessas mesas na parte externa do CC. Que inveja (positiva?)! Por que não moro em Sampa? A pergunta eu faço cada vez que vou lá, só não faço quando me esqueço ou dou uma "aquietada" e penso que a situação é não poder ainda. Mas no CC ela me veio numa enxurrada de letras e se prolongou numa repetição pulsante.

Quando as coisas têm de dar certo, com diz a filósofa e poeta Viviane Mosé, acontecem. Encontrei o maravilhoso CCSP



e, duplamente alimentada, me fui ao Lasar, como tinha de ser!

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1. Já suspeitara disso desde o trem, achei que não ouvi o motorista falar por qual porta devíamos descer para pegar o trem da outra linha, a Verde, para a av. Paulista. Confusão total, acho que foi por algum problema técnico que a porta da esquerda não abriu, ou fazia muito que não ia para aquelas bandas da Paulista... [25.11.10]
2. A saída do Paraíso é na rua de que não sei o nome. Também não estou encontrando foto com a dita cuja, vai acabar ficando essa aí mesmo. [25.11.10
É isso mesmo, não encontrei a foto da Saída por onde passei, esta é a foto Estação de Metrô Paraíso. [27.1.10] 3. Está uma chuva aqui. Vou dar uma parada no texto e ver se fotografo os arredores sob a chuva. De uma outra vez perdi a oportunidade. [25.11.10]
Fiz só duas. A chuva foi rápida. Quando revelar o filme, vou fazer uma postagem. [27.11.10] 
4. Já dentro da sala onde estava a exposição Arte Postal da 16ª Bienal, quando fui informada por um segurança de que estava em reforma. Não entendi porque depois notei no folheto que a exposição fica aberta ao público  até o dia 31 de janeiro de 2011.
5. O escritor Millôr Fernandes é quem diz isso sobre o pensar, é uma citação o que faço aqui.

ML_Na verdade, até agora não sei o que me deu para sair da estação, vi que havia algo errado e o nome da rua Vergueiro. Brinco, mas é sério, não tinha noção de por que tinha de sair dali. Foi ótimo, tive sorte de resolver andar naquela direção, tudo conspirou para o melhor acontecer. O equívoco me deu de presente a ida ao CC. Não encontrei foto da entrada dele, só a vista área. 
Lá me enchi de folhetos, passei os olhos nuns vídeos de arte, claro.
Foi bem chata a história da exposição que não pude terminar de ver, e não tive tempo de procurar alguém para reclamar. Imagina se vou lá especialmente para essa exposição, podia ser uma pesquisadora e como ficaria?
Entrando no site do CC, vão ver quantas atividades são possíveis. Há cinema, teatro, oficinas de artes plásticas, entre outras. É fantástico. Eu recomendo, no entanto, que desçam na estação Vergueiro, é bem mais perto!
Não sei se não ficou confusa a descrição que fiz aqui do episódio, desci no lugar certo, estação Paraíso, só o rumo é que foi inesperado, a busca da Saída.

domingo, 14 de novembro de 2010

Comentário de comentário_Retratação


Já disse que levo um tempo considerável, às vezes, até publicar uma postagem, porque procuro ser o mais informativa e o mais escalarecedora possível, buscando textos, fotos, tudo que possa me ajudar nessa minha intenção de encontrar uma verdade sobre aquilo a que me proponho partilhar com quem visita o blog.
Ontem estava alterando alguns marcadores (uns de fotografia), quando, de relance, vi uma postagem com um comentário a mais. Fiz as alterações necessárias e fui verificar o comentário casualmente percebido. 
Desse comentário vou falar em outra postagem, não por menor importância, pois, entre outras boas coisas, me serviu de alerta para uma mudança de comportamento e me pus  imediatamente a abrir a pasta de comentários para ver se havia outros cuja existência não tinha percebido por estarem em postagem mais antigas. [Todos os comentários, todas as visitas me interessam muito, gosto de me comunicar, de dialogar.]
Encontrei mais um.

Demorei um bocado escrevendo a série de postagens A arte de compartilhar a arte(1) sobre o artista plástico Árpád Szénes e, confesso, somente dei os devidos créditos a pouco material que usei para tanto, mas me referi a uma foto de quadro de Szénes retirado de um blog, coloquei um link no nome do autor e fiz observações sobre essa foto provavelmente não corresponder ao original, isso com relação às cores, e fiz lá uma afirmação, uma elocubração a respeito de outra foto ser possivelmente mais próxima do quadro em questão. 
Pois não é.

Fiquei pasma ao ler o comentário feito pelo próprio Rui Morais de Sousa, o autor do blog, e, para minha surpresa, soube que foi ele quem fotografou o quadro.
Ah, sim, meu coração se pôs a bater misturando alegria e dor. Explico. 
Ele menciona o fato de eu ter tirado a foto de seu blog. Isso tem uma gravidade, mesmo eu tendo citado a fonte, não é menos grave quando, em seu blog, se vê a explícita necessidade de pedir autorização a Rui para isso. Afinal, ele é o autor da foto, é um direito seu exigir a autorização. É uma luta grande pelos direitos autorais por que passam artistas de toda arte. 
A referência ao nome do autor na reprodução de uma obra sua é, no mínimo, uma questão de respeito e de reconhecimento a ele. E Rui se propõe a analisar o pedido e dar autorização por escrito. Ele cuida, preza o que faz, é justo que faça isso. 


O quadro cuja fotografia tirou do meu blogue, foi fotografado (por mim) na Fundação Arpad Szenes-Vieira da Silva em Lisboa.  

Ao ler a frase no primeiro trecho de seu comentário, parei a leitura, já me julgando processada por ele. Não, acho que não. 
Rui me conta como fez a fotografia.
Que maravilha, esteve diante não só daquela obra mas das obras da Fundação Arpad Szenes-Vieira da Silva em Lisboa, Portugal. Visitar esse espaço de arte é um privilégio em si, mas poder fotografar as obras deve ser incrível. Ainda mais com uma das câmeras de filme a que Rui se refere na postagem onde está a fotografia que tirei, e mais outras.

Não preciso dizer da alegria que causou ao me escrever, Rui. Fez com que decidisse com certa tranquilidade fazer essa retratação pública, que eu faria de qualquer forma só que haveria uma tensão maior. 
Você me trouxe o esclarecimento, a informação que faltava naquela minha postagem, e me permite partilhar isso com mais pessoas. É muito bom saber que sua fotografia retrata o quadro. Põe fim a uma inquietação minha. Um incômodo.
A questão de fidelidade às cores, quando se fala em fotografia e se pensa nos meios atuais de captação e reprodução e edição de imagens, para mim é delicada. Não tenho tido contato com fotógrafos que, como você, tenham paixão por arte (desenho, pintura etc.). Levei desenhos meus a fotógrafos que ignoraram, se recusaram a levar em conta as especifidades da fotografia de obras de arte, ocupados em fazer fotografias para documentos (RG, passaporte e outros), sem certos cuidados com iluminação, por exemplo.
Há mesmo livros de arte com fotografias, digamos, equivocadas em relação às cores e até aos materiais e técnicas usadas pelo artista para fazer a obra.


Considerando que os meios de que dispomos para ver as reproduções de imagens de obras de arte, como monitores de computador, devemos reconhecer que apresentam capacidades e limitações tão diversas quanto a de nossos olhos e foi uma sorte minha ter a palavra do fotógrafo sobre a qualidade da imagem. Rui fotografa obras de arte, é profissional(2).
Devia ter me detido na leitura do texto que acompanha as fotos nessa postagem de Rui, pois teria sido talvez motivo para não incluir a foto no meu blog o fato de ter de pedir permissão para reproduzi-la, mas teria encontrado um fotógrafo, um apaixonado por arte e ainda alguém com uma história parecida com a minha em relação à escolha de carreira e do papel do pai nesse momento tão especial da vida. Com a diferença de que ele, felizmente há um bom tempo, vem realizando seu desejo e se diz "a kind of breadless photographer"(3)Não me arrependo de ter feito a postagem, claro que ter me apropriado indevidamente da fotografia de Rui ou as de outras pessoas foi uma falha grande minha, mas meu desejo de falar de Árpád era incontrolável.

Eu peço desculpas a você, Rui.


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1. A série começa na postagem de 14 de março de 2010, na qual faço um certo mistério sobre quem seria o texto. Coloquei um subtítulo de _Preparação justamente por estar sendo elaborada ainda a postagem.
2. Mais informações sobre Rui Morais de Sousa, fotógrafo e editor, estão em seu blog. Na postagem a que recorri pode-se ler um pouco de sua história de vida e seu modo de ver a fotografia, a arte, a vida mesmo.
3. Uma tradução possível: um tipo de fotógrafo sem uma migalha de pão, sem dinheiro. 
Fazer arte, quando eu estava às vésperas de tomar uma decisão sobre a faculdade, era vista como um meio de se tornar um sem-dinheiro, pobre, por isso os pais, o meu, o de Rui, eles nos desaconselhavam a seguir a carreira de artista e muitas vezes conseguiam (temo que ainda o façam) fazer os filhos desistirem ao nos colocar esse medo de ficar na miséria. Eu não lutei contra esse medo naquele momento. 
Já disse, espero ter dito, que admiro muito os que seguem seus sonhos, ainda que eles tomem formas um pouco diferentes no percurso da vida. Rui queria ser artista plástico, hoje é fotógrafo, com câmeras maravilhosas de filme, com essa possibilidade de fotografar obras de arte, enfim, colocou e vem colocando seu sonho no mundo. 

ML_Para que entendam melhor do que falei aqui, é bom ir à minha postagem comentada e ao blog de Rui Morais de Sousa.
Vale a pena visitar seu blog, achei melhor não pegar mais nenhuma foto dele sem sua autorização, lá podemos ver uma de Rui e uma de suas câmeras. 
Estou estudando fotografia e começando a fotografar seriamente e isso faz com que meu respeito  por quem já o faz seja maior.
Foi difícil ler o comentário de Rui, como mencionei na postagem, mas o contato foi rico. 
Ainda vou fazer comentário do primeiro comentário descoberto em outra postagem, o que me levou ao de Rui. Aguardem. 
Continuo sem ter certeza da grafia do nome de Szénes, mas um dia vou saber. Importa, sim, que seu nome e sua obra sejm lembrados. 
Vale guardar na memória que a foto do quadro Vieira da Silva pinta Árpád pintando é do fotógrafo Rui Morais de Sousa. Não vou fazer a correção na postagem onde ainda está a foto com minha observação equivocada, volto à postagem
para colocar o link desta assim que for publicada, quero que as pessoas leiam meu comentário aqui.
Mantive a data de quando comecei a escrever, mas a publicação é de 21 de novembro.

domingo, 7 de novembro de 2010

Recomendo_Fotografia


Ainda não vou falar de minhas experimentações na oficina de fotografia, estou preparando uma postagem para isso. Recomendo quem puder ir ver as fotografias de Alline Nakamura expostas em Suzano (SP) como uma artista selecionada no


com fotos da série Juninas, entre as quais está uma das minhas favoritas


porque também com esses vermelhos, além de bonita, com a luz entrando.

Conheci Alline porque, a partir do momento em que, durante  um workshop de gestão cultural(1) que ambas fazíamos, começamos a trocar e-mails. Acho que eu até percebi mas ela não e um dia disse que tentara descobrir quem era eu em sala de aula. 
Para ser breve, ela fazia o mesmo workshop em Atibaia e eu, em Campinas e com o mesmo orientador, que evidentemente mandava textos para todos. Percebi algo desse tipo por nunca ter ouvido o nome dela, e, ao saber que acontecia em outras cidades, podia estar havendo o engano.  
Internet tem dessas coisas, considero isso um feliz acontecimento.
Trocamos mensagens, endereços de blogs, nos visitamos assim, por enquanto.
Outra foto de Alline que aprecio é da série (Land)scapes


pelas cores, as texturas e o enquadramento.

Fotografia, agora que estou mais em contato com o fazer, é arte, sempre foi. Não sei mesmo por que razão houve e talvez ainda haja quem pense o contrário, que pintura é que é arte. A gente, quando não sabe como é feita, acredita piamente que se trata de uma mera cópia da realidade e não é isso. E não me refiro somente às fotos de câmeras digitais, toda foto é resultado de tantos fatores ligados aos materiais (filmes e papéis para as cópias, antes tem de pensar na parte química de reveladores, interruptores, fixadores, o banho final etc.) e não se pode esquecer das câmeras. 
Sim, cada uma com suas características e possibilidades elimitações, sejam de filme ou digitais ou de papel fotográfico, essas feitas com caixas de papelão ou de madeira ou com latas de leite, de que falo em outra ocasião, mas que se chamam câmeras de buraco de agulha. 
E nossos olhos, como participam nisso? 
Cada pessoa vê de um modo diferente, são diferenças maiores ou menores, não fosse desse jeito seria mais complicado, e às vezes é muito complicado, basta lembrarmos de quem é daltônico(2), que identifica as cores de um jeito muito peculiar, e quem é míope, como eu, com minha visão mediada por uma lente de óculos. 
Os monitores de computador, eles também tem suas capacidades e limitações de reprodução de imagem. Até o fato de sermos ou não expostos à fotografia, termos aprendido a vê-las, lê-las, tem influência no modo como nos relacionamos com fotografia. 
Eu me desviando do motivo de escrever a postagem...

Alline teve suas fotos escolhidas entre as obras de um monte de artistas inscritos no Salão. Ser escolhido numa situação dessas é muito importante para o artista, significa reconhecimento da qualidade de sua obra, do empenho, da capacidade criativa desse artista, projeta seu nome no mundo das artes, faz com que mais pessoas tenham acesso ao que ele faz. 
Pode-se ler o depoimento de Alline sobre o Salão, na página do site Atibaia Cultural, e notar como é sua vida de fotógrafa e sua postura em relação à arte revelada na frase

Ganhar alguma premiação é raro e não deve ser, a meu ver, 
a primeira motivação para a realização de um trabalho artístico.(3)

Não preciso dizer da alegria com que recebi essa notícia, que me leva a escrever e recomendar que vejam o que ela expõe no Salão e nos links que espalhei pelo texto.
A exposição abriu ao público no dia 05 passado e vai até 10 de dezembro deste ano, no seguinte endereço

Centro de Educação e Cultura Francisco Carlos Moriconi
Rua Benjamin Constant, 682
Centro
Suzano (SP)
Mais informações podem ser obtidas pelo telefone (11) 4747-4180.



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1. Este workshop foi muito rico, conheci pessoas muito boas e talentosas. Não me serviu ainda para fazer um projeto meu, mas em termos humanos foi demais. Além de Alline, conheci Gabriel, o músico da postagem anterior, e o poeta Geraldo Maia de Os Poetizadores, grupo que divulga poesia durante apresentações toda quinta-feira às 16h na praça Carlos Gomes aqui em Campinas (SP). Logo, logo vou fazer cursos mais pelas pessoas que tenho oportunidade de conhecer do que pelo assunto em si, embora o assunto certamente seja um elemento de aproximação a priori.
2. Daltonismo é "uma perturbação da percepção visual caracterizada pela incapacidade de diferenciar todas ou algumas cores, manifestando-se muitas vezes pela dificuldade em distinguir o verde do vermelho" (ver mais sobre o assunto no Wikipedia).
3. Alline foi selecionada para a exposição e não premiada.

ML_Tem mais um link para fotos de Alline, este da série Chuva
Eu espero que todos os links funcionem para que possam ver mais fotos dela nos álbuns. Digo isso porque tive alguns contratempos para achar links que levem ao Facebook, que tem áreas restritas a visitas de quem é cadastrado nele. Testei todos.

segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Recomendo_Música






Vi mensagem, agora há pouco, com essa ótima notícia sobre a apresentação do Espinho de Limoeiro, recomendada pela OC Hilda Hilst*, e resolvi avisar. 
Eles fazem uma música das melhores, música instrumental brasileira. 
Tive o privilégio de conhecer Gabriel Sebrian num workshop de Gestão Cultural, na mesma OC Hilda, e participar do seu grupo de discussão e elaboração de um projeto. Aliás, quando o ouvi falando sobre sua motivação para participar do workshop e soube que fazia música instrumental, não tive dúvidas em entrar para seu grupo.
Adoro música desse tipo, é companhia frequente em várias situações na minha vida e especialmente quando desenho.
Gabriel é o guitarrista da banda e uma das pessoas mais sensíveis e generosas que conheço, pois mesmo (pre)ocupado com o projeto da banda, arranjava tempo para dar esclarecimentos sobre gravação de música etc., tornando possível minha participação, eu, uma pessoa que apenas ama música mas sem conhecimento na área. 
Dá para encontrar mais informações sobre a banda no blog Espinho de Limoeiro
Que fique claro que recomendo a apresentação do Espinho por gostar muito do som que eles fazem. A banda  tem seus compositores, formada por músicos que apreciam outros músicos como o grande Hermeto Pascoal,  para citar um, são muitos.
Outro detalhe importante que vejo neles é o fato de serem jovens músicos, que estudaram música e continuam estudando, que se voltaram para a música instrumental brasileira, jazzística, sim, e sim com elementos da música popular do País, como o baião.
Só para lembrar, no próximo dia 28 de outubro, uma quinta-feira, às 20h, o Espinho de Limoeiro vai estar tocando no endereço

Rua dos Alecrins, 301
Cambuí, Campinas (SP)

Vale a pena ouvi-los, acreditem!


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* Sobre a OC Hilda Hilst, quero dizer que já havia falado um pouco numa postagem e que é necessário alterar o e-mail dado nessa ocasião e dar o novo endereço na internet, ou melhor, acessem a página
E para quem mora em outras cidades do estado de São Paulo, onde há várias dessas oficinas culturais (OCs), visitem o site das Oficinas Culturais do Estado de São Paulo, pois pode haver uma na sua cidade

sábado, 16 de outubro de 2010

Eu, pintura azul


Cada vez que alguém se refere a mim como pintora reajo com uma fala tradicional de sou melhor desenhista que pintora, ou ainda um não, não sou pintora.
Já fiz e faço sempre uma pintura lá que outra, ou paro no meio. Também termino umas e vejo defeitos a ponto de raramente mostrar. 
Gosto muito dos bastões, seja giz pastel oleoso, antes o pastel seco, os de óleo, eles são meus aliados principais há anos. Acredito que seja uma questão de personalidade, não simpatizo muito com pincel, ai aquelas cerdas... mas busco alternativas como os pincéis de silicone, 



Colour Shapers da Forsline&Starr (1) 

por serem mais firmes, eles me deixam à vontade para pintar sem o estranhamento do pincel comum.
Tenho só dois desses ingleses e mais alguns da Keramik e, em alguns momentos, procuro usar os de cerdas também, tudo pela arte!
Não foi para falar de pincel que comecei a escrever mas de uma pintura minha, que não me sai do pensamento por mais tempo que fique sem vê-la

Puerta blue, 1991
(ass. M.N. no verso)

É uma boa pintura? Sabe que não faço ideia, simplesmente gosto. Não nego, vejo algumas coisas que não faria hoje, como usar um rosa tão forte. E olha que não me refiro diretamente à imagem reproduzida aqui, que passou pela digitalização no escâner e depois ainda mexi um pouco no editor de imagem por ter ficado muito escura onde há o azul e o verde e "acesa" no rosa e amarelo; a original tem uma intensidade diferente, mais suave. Poderia ficar alterando sem parar, ou parar somente quando ficasse mais fiel à pintura original, no entanto, para ser sincera, a reprodução da pintura ou de outras obras minhas me interessa por suas características próprias e ainda quero observar mais os efeitos possíveis da edição no computador.
Puerta blue foi feita em 1991. Pintei com guache, usando, eu acho, espátula e pincel. Nunca usei tanto azul assim na vida, é uma cor que aprecio mas tenho tido dificuldade de encontrar um tom que me agrade. Nos últimos tempos ando atrás de azul. 
Cada material tem suas características e me permite realizar imagens específicas. O guache é à base de água, manuseio bem essa tinta, e, não só por isso, mas bateu uma nostalgia de pintura ao rever Puerta. É, voltar a pensar em pintura.
Dá para notar que escrevi algo entre parênteses logo abaixo do título. Trata-se de uma informação sobre como assinava o que criava na época. Eu usava o sobrenome de meu pai (Nunes). Mais uma curiosidade é que já mudei de nome artístico algumas vezes. Agora vou parar com isso, desse jeito dificulto minha identificação como artista. Assinei Marga Bihar(2), quando fiz uns desenhos em 2000.

Como já disse em uma postagem anterior, levo um tempo escrevendo, o que me faz alterar o texto, inserir novas imagens ou deletá-las. Este comecei no dia 25 de setembro às 16h24. Imagina só o tempo que faz.
Nesta semana estava lidando num desenho, onde utilizei o guache como base, então de repente me deu vontade de falar do guache como material em que vejo importância, e não só eu.

Para não esquecer meu pensamento, anotei o seguinte texto numa folha de papel:


                 O guache é uma tinta maravilhosa por ser à base de água, 
                 em tempos ecológicos isso é bem vindo, com cores e efeitos belos. 
                 Aqui [no Brasil] parece relegada ao uso infantil. Enquanto isso as 
                 tintas guache da Talens secam em seus vidros nos expositores de 
                 lojas como a Casa do Artista e outras tantas.(3)

E lá venho eu com Henri Matisse.
Matisse é natural que eu pense imediatamente nele quando preciso falar nessa tinta. Não conheço melhor exemplo ou, pelo menos, para mim é dos melhores exemplos de uso de guache por artista. 
Alguém já viu esta obra?


Nu bleu II,1952
Papel guachado, recortado e colado sobre tela
116,2 X 88,9 cm

Papel guachado. Outra coisa que anotei foi sobre essas obras dele serem em papéis guachados e lembrar que este termo li há muitos anos nos Escritos e reflexões sobre arte(4), na edição portuguesa do livro que contém escritos do próprio Matisse, entrevistas e conversas. Gosto da palavra guachado, em lugar de dizer pintado com guache. 
Assistentes do pintor "guachavam" os papéis(5) e ele os recortava com tesoura



Eu sinceramente não pensava em trazer Matisse para essa conversa, no entanto fico satisfeita de demorar tanto a escrever que deu tempo de ter a ideia. Claro que não vou me estender falando nele e nesses seus recortes, mas chamo atenção para o tamanho deles, basta ver as medidas, acho que não todos mas há os de grandes dimensões. Os recortes ainda serviram de "esboço" para vitrais, foram serigrafados, reproduzidos em posters etc. 
É com ele que vou encerrar a postagem, não sem antes dizer que faço menos pinturas do que desenhos mas é bom acrescentar que faço pintura também e gosto.

La tristesse du roi(6)
292 X 386 cm



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1. Esses pincéis apresentam-se em vários tamanhos,  pontas com formatos diferentes e de silicone com diferentes durezas, sendo mais comum encontrar os de silicone cinza, de dureza média. Seus usos também são variados. Podem ser encontrados em lojas de materiais de arte; cito, para variar, a Casa do Artista, a loja virtual da Companhia do Papel, cuja loja no mundo real fica em Londrina (PR). Há outras marcas desse tipo de pincel e outras lojas onde podem ser adquiridos; estou para visitar a Fruto de Arte, só que para procurar outros materiais, mas sei que lá tem uns pincéis de silicone com preços bastante mais acessíveis. Veja as trinchas da Fruto,



2. Bihar é a segunda maior cidade da Índia, bem, era em 2000, não sei se continua sendo. Gosto muito de roupas e acessórios indianos e de outras tantas maravilhas daquele país.
3. Isto foi escrito no dia 14 de outubro. Eu me refiro ao guache da Talens por crer que é dos melhores e por, de fato, ver a tinta abandonada nos vidros, o que faz com que os lojistas os coloquem em promoções com a intenção de se livrarem do produto encalhado. Isso significa  muitas vezes que não voltarão a ser trazidos. De modo algum se trata de material barato, mas penso que se mais pessoas comprassem o valor diminuiria. Posso estar enganada.
4. Recentemente a editora CosacNaify lançou a primeira tradução brasileira do livro, Matisse - Escritos e relexões sobre arte. A observação mais corrente sobre esse lançamento refere-se à inclusão de imagens das obras dele, o que não foi feito na edição portuguesa, que está esgostada. Gostei muito de ler o livro, não li todo mas há nele textos que sei  da necessidade de reler.
5. Ver mais informações no site http://www.henri-matisse.net/cut_outs.html, de onde eu tirei a foto de Matisse em ação.  
Ele teve câncer no intestino, provalvelmente ficou impossibilitado de pintar, pois ao pintar se faz esforço físico e os médicos acabam proibindo pintores, e obviamente escultores, de fazerem aquilo que lhes é mais importante. Matisse deve ter feito arte desse jeito para dar continuidade a sua criação. Felizmente desenvolveu essa técnica e realizou obras das mais bonitas e significativas. Aliás, elas são muito especiais dentro do conjunto de tudo o que fez antes e depois. Um criativo incansável.
6. Esta  obra está no Centre Pompidou e no site podem-se ler informações sobre ela e outras obras do pintor, basta clicar no título.
ML_ Normalmente eu publicaria agora uma postagem sobre artista favorito meu, mas esse assunto de não ser pintora veio à baila quando revi Puerta azul. Na verdade surgiu antes em conversa com Agnes, fazemos a oficina de fotografia no Lasar Segall. Eu me questionei na volta a Campinas sobre a postura que tenho diante da minha pintura, senti necessidade de rever isso. 
É o que faço aqui neste texto, mesmo com a invasão gostosa da arte de Matisse. Ou por isso mesmo. A presença de um pintor neste texto é até sintomática de minha reflexão.
Ainda sobre Matisse. Estou contente por ter encontrado a foto colorida dele recortando seus papéis. Uma beleza, o chão coberto coberto de cores faz jus ao mestre colorista. Tinha visto a foto apenas em preto e branco.