quinta-feira, 12 de agosto de 2010

De volta a Sampa_mudança de rumo

 
No mês passado estive em São Paulo, como mencionei em postagem anterior, fui para conhecer o Museu Lasar Segall. A intenção era me inscrever na Oficina de Iniciação à Gravura em Metal, só que mudei de rumo antes de voltar lá, e a inscrição foi feita na Oficina Básica de Fotografia Criativa.
Começo do começo. A primeira vez em que peguei uma câmera foi para fotografar paisagens e índios na floresta amazônica. Havia ido lá para estudar a língua de índios da tribo Pirahã, estava no mestrado de línguística em 1987 na Unicamp.
Ao retornar para casa, não mandei revelar o filme, tinha dúvidas sobre valer a pena. Depois de não sei quanto tempo, decidi ver o que tinha  registrado.  Só que a demora foi tanta que, reveladas, as fotos apresentaram problemas, acho que houve uma deterioração do filme. Dá para ver que minha impressão inicial não se confirma, as fotos tem alguma qualidade



e são válidas como registro da viagem, e resta um lamento por não ter revelado em tempo, algumas estão com manchas rosadas.

Outra experiência foi fotografar meus desenhos. Estas ficaram bem ruins, uma pessoa que entendia de fotos, ao ver, disse que depunham contra minha arte. Concordo, fotografei sem a luz adequada, sem o cuidado de fazer um enquadramento decente etc. Esta(2) é uma das menos ruins (imagine as péssimas!)


Casa amarela, c. 1988
Giz pastel seco s/ papel Carmen preto
Foto de 1989

A experiência mais recente foi durante o Filc, quando o poeta Geraldo Maia me pediu para registrar, com sua câmera digital, a apresentação de Os Poetizadores(1), grupo de que ele faz parte
Bem, dessa vez algumas fotos apenas se salvaram, dada minha inexperiência com a câmera digital, ainda mais no que diz respeito a registrar poetas em movimento. Eu digo, mas vai saber se foi apenas isso!
A essas experiêicas se somaram os fatos de já ter ido procurar por cursos em alguns momentos no passado e o de ter encontrado entre as coisas de meu pai, falecido em 2006, uma câmera de fotografia antiga.
Trata-se de uma Olympus TRIP 35, que chamam de analógica e não meramente de antiga, até porque esse tipo de câmera eu descobri, navegando pela internet, é adorada por muita gente por produzir fotos bastante boas e especiais para muitos. Na verdade eu ainda não descobri tudo sobre ela; no Lasar Segall, durante a oficina e na internet vou saber mais certamente.
Esta não é ela, ainda não a fotografei, mas é este o modelo



A TRIP 35 é uma câmera barata atualmente, ela foi introduzida no mercado em 1967, depois pararam de fabricar em 1984. A de meu pai está completa, com estojo orignal, com a alça e com com a tampa da lente, que soube ser essencial para manter algo dentro dela em bom estado. Tem ainda o flash, que parece estar funcionando muito bem. 
Tenho fotografado com ela nos últimos dias para ver se está funcionando manualmente porque já sei que está com problema no automático. Aliás, para aprender mesmo, acredito que tenho de lidar manualmente com a câmera, então vou testar assim e ver se o resto funciona depois de mandar revelar as fotos, o que quero fazer quanto antes. Estou bastante ansiosa!

Vivo falando em retomar a gravura em metal desde que não pude dar continuação a esta arte iniciada em 1993/4 e interrompida em 1995. Fica esquisito eu não aproveitar a oportunidade de fazê-lo no LS agora. 
Costumo me interessar por muitas coisas ao mesmo tempo e não sou nada boa em tomar decisões, menos ainda quando decidir implica uma mudança na minha vida. Pode parecer bobagem ficar dividida entre gravura e fotografia, mas é bom verificar o que tem mais junto com elas. Tenho de voltar a desenhar, quero também me dedicar à monotipia, paixão e necessidade há tempos longos, e evidentemente não dá para fazer tudo isso, penso no material que para mim tem de ser de primeira, penso nos equipamentos, na prensa para gravura...
Optei por fazer a oficina de gravura em metal numa  outra oportunidade, não desisti dessa arte, continuo amando gravura.
Fotografia, bem ou mal tenho uma câmera; mesmo que precise de conserto, está aqui. Não vou descrever por enquanto o projeto de fotos que me surgiu, afirmo que quero realizá-lo sabendo melhor como lidar com câmera. Às vezes vejo algo que pode se tornar uma ideia de desenho, é útil fotografar então. Sei que novas possibilidades para mim como artista vão surgir e há algo importantíssimo subjacente a essa decisão e que vai além de eu gostar de fotografia: a liberdade.
Liberdade de um dia poder eu mesma fotografar meus desenhos, não mais de um jeito que diminua a qualidade deles e, sobretudo, sem as confusões com fotógrafos que parecem desconhecer a importância de um registro mais fiel à obra possível e tornam minha necessidade para lá de embaraçosa e, pasme, angustiante. Vou enfrentar os obstáculos e deificuldades que boa parte deles preferem ignorar e fazer fotos dos quadros mecanicamente, como se fosse foto 3x4 ou pior.
Por ora não tenho fotos minhas feitas com a TRIP para mostrar mas sei que com essa câmera as fotos podem ser realmente boas, basta ver na internet, como esta tirada com uma delas e que está no blog Olympus Trip 35 Cult

Green chair

Gosto da TRIP, da aparência, do peso, de sua existência (sabe-se lá por quanto tempo está sem uso, talvez me aguardando para voltar à atividade e a sua valorização!), quero fotografar com ela, então tenho o cuidado de ouvir bem os técnicos quando dizem que precisa de conserto e talvez compense comprar outra igual, caso o conserto fique de repente com um valor equivalente ao de  uma das câmeras que eles têm para vender. Aprecio coisas que têm um significado maior do que apenas o materialista. Acredito que terei outra ou outras câmeras analógicas e digitais na vida, ela terá sempre seu lugar nela, afinal, já faço parte do grupo de loucos por Olympus TRIP 35



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1. Atualmente as apresentações de Os Poetizadores são toda quinta-feira às 16h na Praça Carlos Gomes em Campinas, SP. Há no evento um momento especial de incentivo à leitura, Leia e Leve, no qual basta ler um trecho do livro escolhido pela própria pessoa entre vários livros doados, pela Biblioteca Municipal de Campinas e por outros doadores, e levar para a casa. 
É bonito ver as pessoas lendo e às vezes contando como é sua relação com a leitura. Não vou me estender no assunto aqui, no site deles há informação, fotos e vídeos dos eventos.
2. Para essas três fotos usei uma câmera muito simples, a Fatos, da Kodak. Para colocá-las na postagem, foram escaneadas e precisei redimensionar e cortar as bordas, mas não fiz mais nenhuma alteração.

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