domingo, 12 de dezembro de 2010

Fotogrando2


Achei melhor fazer umas observações em separado porque me excedi na anterior, temo ter sido muito técnica e até tornando meio aborrecido o texto. Eu bem que tentei não ser mas...

Não é por alguma implicância ou purismo que não me refiro à fotografia digital. Não é o tipo de fotografia que estou fazendo no momento, não sei muito sobre o assunto, é só isso. Na verdade, redescobri que fotografar me interessa fotografando com a câmera digital do meu celular, também aprecio filmar nele, ih, é outra história. 
Gosto de pensar que cada meio tem suas qualidades, suas especificidades e produz resultados diferentes. Acredito em qualidade da fotografia e, antes, na qualidade da sensibilidade, da emoção, da intenção do ser humano por trás da câmera seja ela digital ou de filme. 
Tenho uma postagem a caminho em que falo um pouco da qualidade do que pode ser feito em termos fotográficos com uma câmera de buraco de agulha, a que pode ser feita com uma lata de leite, uma caixa de papel com um furo de agulha, sem lente, com a qual fazemos registros fotográficos diretamente sobre um pedaço de papel fotográfico dentro dessa lata ou caixa, de modo muito semelhante ao que se fazia num tempo muito distante do agora e que permanece como objeto de encantamento para muitos de nós, que tivemos ou não a experiência de fazer, mas sobretudo a de ver o resultado dessa câmera simples, pero no mucho.
Não desprezo tecnologia, por exemplo, sei de papéis maravilhosos para a impressão de fotografia digital. Digitalizei o fotograma Sob a luz. E me alegro com a possibilidade de  imprimi-lo num desses belos papéis! A tecnologia digital é bem-vinda, procuro somar recursos e não extinguir alguns.

Eu me imagino, sim, trancada num quarto escuro revelando papéis recém-saídos de minha câmera de buraco de agulha ou revelando filmes P&B, tudo com a delícia de ver as imagens surgidas. No caso do que é registrado diretamente nos papéis, como se pôde ver que acontece com os fotogramas, a imagem aparece pouco a pouco sobre o papel fotográfico durante a revelação, algo que, volto a dizer, é lindamente observado durante a revelação sob a luz vermelha, mas no caso dos filmes veem-se as imagens somente depois de retirá-los do recipiente vedado a qualquer tipo de luz e melhor ainda durante o processo de ampliação seguida de revelação, de que não vou falar agora.

Então as fotografias digitais... 
Há portarretratos digitais, não é? E as fotos agora são vistas nos celulares, enviadas por e-mails. Isso não há como negar que é bom.
Algo com que concordo com Vera, fotógrafa e orientadora do curso no Lasar, é quanto a fotografar com consciência do que se está fazendo. Os ajustes da câmera, a observação da luz, a leitura da cena, outras tantas leituras, entre elas, a da fotografia em si; o estudo, a seriedade; o não acionar o disparador por acionar, por um ato mecânico do dedo movido meramente pelo desejo de registrar tudo o que te passa diante dos olhos. O educar esses olhos a detectar o instante de o dedo pressionar o disparador, o exercício, o experimentar, o analisar, o crescer do olhar atento e exigente e sensível.
Isso tudo, creio, vale para quem usa câmeras de filme como para os que fotografam com as digitais. E vice e versa.
 




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1. Ver o filme revelado é outra emoção, não menor só que não observável até chegar no momento da lavagem, porque ele reage a qualquer tipo de luz, não escapa nem a vermelha, por isso é revelado num pequeno tanque muito bem vedado à luz. Já passei por uma grande ansiedade durante a revelação de filme P&B no laboratório. Ainda conto.

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