sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

Ano-Novo | Año Nuevo| New Year | Nouvel Anneé | Nuovo Anno | Neujahr



Ele nunca teve um título, é um desenho que fiz para cartões*, desses onde se escrevem mensagens, no caso ele eu usava em pequenos cartões para acompanhar presentes, com detalhe de fiozinho dourado. 
Mas ele está aqui hoje para acompanhar meus agradecimentos a todos os que visitaram o blog neste ano de 2010. 
Isso mesmo, não fazem ideia de quanto foi importante para mim abrir a página inicial e verificar que, além de mim e de alguém que conheço pessoalmente, havia a cada dia mais visitantes. Mais do que eu podia supor que um dia se interessariam pelo que publico aqui. 
Tem sido surpreendente mesmo, não há como mensurar a alegria que sinto a cada vez que descubro mais um que me acompanha publicamente ou não, mais um visitante. Cada comentário é lido com atenção, interesse. Visitas e comentários são diálogos, já disse que gosto muito de diálogo, dialogo até com desenhos.
Dei uma olhada nas estatísticas do blog e, não sei se não me confundi, mas há visitante da China, Finlândia, França, Canadá, Estados Unidos, Portugal, Argentina, Lituânia, Reino Unido, Bélgica, Rússia, enfim, não é só do Brasil. É emocionante e foram vocês que me proporcionaram essa emoção.
Voltem sempre que quiserem, serão muito bem-vindos. Os visitantes eu posso contabilizar em números com o contador, mas é só para eu ter uma noção, são pessoas e não números para mim.
Não posso nomear cada visitante do blog, posso, sim, agradecer a presença de cada um, desejando que o Ano-Novo lhes seja maravilhoso, de renovação para realizarem o que for essencial para cada um. Ontem falava com uma amiga ao telefone e chegamos à conclusão de que temos muitos sonhos e mais desejos do que se podem realizar num único ano, mas que ao menos os essenciais aconteçam!
Faço um agradecimento especial aos que me acompanham: Eugenia (eboisselier), a primeira a me acompanhar publicamente, ela é artista plástica das boas e estudante de arte na Argentina; Espinho, a banda Espinho de Limoeiro, é Gabriel que acompanha o blog; Andrea, uma querida que tem um blog fantástico; Pedro, este eu conheço há um bom tempo, me acompanha nas artes e sabe da arte de tratar das emoções do outro como poucos; Cendrini, artista francesa, que descobri no blog de Cathy Cullis e desenha com rara beleza e sensibilidade;  Olavo, que parece não ter um blog mas vi que também acompanha blogs interessantes de Cabo Verde e de Portugal; Henrique, que sabe muito bem como fazer arte com a, para mim difícil, técnica da aquarela; Patricia, Contadora de Histórias, o que admiro bastante; Vibhuti, que, entre outras atividades, é arte-educadora e massoterapeuta, duas artes importantes para a vida de qualidade; Lou, artista plástica múltipla, que faz fotos de que gostei muito (e falo sério!);  e  lestecomunitária, que deve ter sido a primeira pessoa de fato a acompanhar mas só recentemente apareceu na página, é ligada a educação, cultura, acompanha blogs de literatura, o que é maravilhoso.
Procuro sempre ir ver se quem me acompanha aqui tem um blog, se conta o que faz, pensa; tenho prazer em conhecer cada um de vocês, isso talvez me ajude a entender por que dialogam comigo. 
Então, que venha 2011!


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* Originalmente no desenho havia a ano de 2001, foi um ano de muita criatividade e, digamos, sorte por isso trago o trevo de quatro folhas de volta, quem sabe dá sorte mesmo!

ML_Here in Brazil too the four leaf clover signs luck, good luck. It is my desire for all the people that visited and followed my blog in 2010.  I'm very happy with each one of you, and thankful for your presences. It was very important and a beautiful surprise to me. 
You'll always be welcomed!
I want you have a nice 2011!


quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

(Não) RECOMENDO_ Livro



Vou lhes apresentar um dos meus livros favoritos. É um livro infantil, sim, e também vão saber que não abandonei minha criança interior!
E ele não é um livro que ganhei na infância, foi comprado por mim em 1984, eu, já bem longe dessa época de encantamento mais fácil, ou que pelo menos deveria ser para todos e infelizmente não é bem assim.
Não pude largá-lo desde que o vi numa livraria e não num sebo, embora se pudessem vê-lo notariam que as folhas estão todas soltas(1) e há um leve amarelado nelas de tão manuseado. Lido, relido. Há uns anos ainda encontrei um exemplar e dei a um menino com a esperança de que ele também gostasse do livro e sobretudo de ler. 
Ia recomendar o livro aqui mas parece que está esgotado, então preferi apenas dividir com vocês alguma coisa dele, começando por uma ilustração, a da página 19 e lendo, quer dizer, copiando o texto da página anterior com que a ilustração se relaciona

SOU GENTE
  ESTOU DE PÉ
            DESENHO COM O PÉ
 UM CÍRCULO
FICO PRESO
           NO LAÇO QUE CRIEI

Está escrito desse jeito mesmo, com letras "grandes", no livro Conversa de corpo de Priscila Freire(2) e ilustrado por Benjamim. 
Só este trechinho já me fez pensar num mundo de coisas sobre a vida, há círculos que nos impedem de andar muito, que nos restringem, não é? Há outros, e desses a gente gosta muito, que nos abrigam, protegem. Este é o caso das amizades, dizemos, círculo de amigos! Fazemos parte do círculo de amizade de fulano com alegria e isso é bom.
Ai, deixem eu mostrar a capa, quem sabe, fica mais fácil de achar(3)

Editado pela Miguilim

O ilustrador, (Marcos Coelho) Benjamim, é já há muito tempo um artista plástico com obras marcantes no cenário das artes. Não sei se quando comprei o livro me dei conta de que esse Benjamim do livro era o artista. Vai saber por que assinou o livro assim!
Gosto muito do que Marcos faz e pensa sobre arte, logo que me seja possível vou fazer uma postagem sobre ele. Por ora fica a ilustração e o trecho do texto de Priscila e a vontade de ler mais uma vez e outra, mais uma e depois de novo. Leio meio criança, meio eu agora mesmo, leio de corpo inteiro e com olhos novos de ver cada uma das ilustrações.
... mas eu ia falar em laços, não era isso?
 
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1. Trato livro com cuidado, as folhas se soltaram por terem sido coladas e não encadernadas com grampos como nas edições menos antigas. Já estou programando um restauro porque tenho conhecimentos de encadernação. Vou fazer com carinho, prometo.
2. Priscila (Euler) Freire (de Carvalho) é mineira de Belo Horizonte, Minas Gerais, foi aluna do grande pintor Alberto da Veiga Guignard, é formada em biblioteconomia. Além do Conversa de Corpo, escreveu A viagem do João de Barro, Histórias de Guignard, também foi diretora do Museu de Arte da Pampulha e idealizadora da Casa Guignard.  
3. É brincadeira o título da postagem, eu RECOMENDO verificar na Miguilim se está mesmo esgotado porque entrei lá e não tem nada dito, parece aberta a pedidos, tem até link para isso.

ML_The first figure is not mine, this ilustration was made by (Marcos Coelho) Benjamim, an important brasilian artist, graphic designer, ilustrator and, I knew today, he makes theatre sceneries too. 
Conversa de corpo [Body conversation] is a book for children but I was adult when bought it to myself. I love the ilustration and the text of Priscila Freire

I'M HUMAN BEING / I STAND /  I DRAW WITH MY FOOT / A CIRCLE / I REMAIN IMPRISONED/ WITHIN THE BOND I CREATED

I think there are bonds that really aren't good, but one kind of bond  we like is that of friendship, isn't it?
This is only a free thought because is better to read the complete history. Even in Portuguese it seems to be dificult to find this book now, I have an old edition of 1984. Because of this reason I almost don't recommend the book to nobody but I decided to tell somethings about one of my favorites books to you.

Rubra | Bloody Red



Rubra | Bloody red

Desenho meu, feito no início deste mês, à noite, algo que não costumo fazer por causa da luz artificial, essa luz altera minha percepção das cores. Evito.
Mas a vontade e a urgência mesmo eram grandes, posso dizer, incontroláveis que nem pensei nisso. Era naquele momento ou never! Ainda demorei um tanto decidindo as medidas, com que giz, e o papel? Toca procurar uma folha em branco, não muito grande. Quase fiz no verso de uns esboços mas o papel, num papel sem qualidade... nem pensar, fui logo vetando a ideia infeliz! 
Ai que bom, encontrei um pedaço perfeito de papel Murillo, da Fabriano. É de celulose, mas aprecio a textura fina dele, sempre arranjo um cantinho no coração para um papel de boa marca. Digo isso porque tenho uma predileção explícita pelo Fabriano 5.
Rubra é de pequenas dimensões (9x9,5 cm), tinha de ser pequeno por causa de minha ansiedade. Mairor, demoraria mais para fazer. Claro que ansiedade não deve ser critério para fazer arte, mas achei mais aconselhável dar um espacinho para ela no processo criativo. 
Há dias tinha feito um molde vazado, portanto a forma, o processo estava in progress. Fiz o molde* um pouco mais sofisticado, normalmente tem só com uma abertura simples e esse caprichei

 

Escolhi os giz novos, na verdade cores novas, porque costumo usar giz da Caran D'Aché há algum tempo, mas encontrei uns avulsos na Casa do Artista e decidi trazer mais cores para minha paleta. Estava sentindo falta dessa renovação e muito afim de vermelhos. Estes verdes foram bem-vindos também. Deu um certo receio de não simpatizar com eles mas ficaram bons ali.

Pois, assim que dei por terminado o desenho, estranhei, daquele jeito que já contei que acontece, não conseguia ver, me entender com  o tal desenho. Pensei em deixá-lo de lado por um tempo, olhar melhor depois, em outro dia, mas que nada, fui mexendo, acrescentando cor, raspando a superfície do desenho aqui e ali.
Não sosseguei enquanto ele não me apareceu.
Incluí no processo um andar com o desenho pela casa, observando sob luzes de tipos diferentes até ver e saber que ele não suportaria mais interferências minhas. No dia seguinte, corri vê-lo novamente e, ufa!, ficou tudo em paz entre nós.

Gosto dele, da aparência, das texturas, do jogo de claro e escuro dos tons, da forma bojuda e especialmente do que Rubra significa no sentido da retomada do desenho. Fiquei grata por começar a fazê-lo como um exercício e, no fim, poder mostrar como meu desenho, de querer que vissem comigo.
Ele provavelmente vai ser meu último desenho de 2010, isso se amanhã ou ainda hoje não me der um sei lá o que de desenhar mais.
Ano que vem certamente virão outros...

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* As partes A e B do molde são móveis, permitindo umas poucas variações, mas achei interessante e pode ser que torne a coisa mais complexa se precisar fazer novos moldes. A necessidade e criatividade vão me guiar nisso.

ML_ I don't write very well in English, but I want to say Bloody red is my return to drawings. 
Now I'm learning how to photograph and couldn't reorganize my creative life ;) yet.
This year I made lesser drawings than I would like to... 
Next year one desire of mines is to draw more!

domingo, 12 de dezembro de 2010

Fotografando



Fotograma

Não é o nome da obra, é a técnica e o que ela é. Este é um fotograma Sob a luz. Eu o fiz. 
Isso foi durante uma das aulas de fotografia no Museu Lasar Segall em São Paulo.
É um pouco complicado falar sobre como foi feito, mas vou procurar ser clara.
Um dos primeiros materiais da lista do que seria necessário para as aulas foi o papel fotográfico. 
Trata-se de um papel preparado com uma emulsão composta de substâncias sensíveis à luz, quer dizer que, quando o expomos à luz, ela reage, registra a luz emitida pelos objetos tocados pela luz do sol ou de fontes artificiais, as lâmpadas, gravando a  imagem desses objetos. No meu caso, o papel usado foi o Kentmere mas poderia ser da marca Ilford(1), porque a intenção, mais tarde, era fazer fotografias em preto e branco (P&B) e aprender como se revela filme P&B(2).
Fotograma é um tipo de fotografia que se faz sem câmera fotográfica e é preciso, imprescindível mesmo que a realização do processo seja onde se possa controlar a entrada de luz, porque o papel fotográfico se exposto a ela na hora errada, ou seja, quando não estamos com tudo ajeitado, vamos conseguir apenas que o papel, depois de revelado, se mostre inteiramente preto. Falo sério!
Fiz no laboratório do Lasar, mas pode ser feito num banheiro bem vedado à luz. No laboratório dispomos de um aparelho chamado ampliador, ele concentra a luz num ponto sobre a mesa em que se dá o processo. O que já ia me esquecendo de contar é que, como a emulsão no papel reage imediatamente à luz comum, branca, e temos de ver o que fazemos, a única luz que fica acesa é a vermelha. 
Não vou dar detalhes aqui até para não virar uma aula, vou dizer só o essencial. A gente coloca o papel sob o ampliador, que deve estar com a luz branca apagada ou protegida com um filtro vermelho, pois todo cuidado com o tal papel é pouco. Sobre o papel arranjamos objetos de nossa escolha, que devem ser de preferência opacos ou com pouca transparência, melhor objetos translúcidos,  para oferecerem, digamos, uma certa resistência à luz e serem registrados sobre o papel. 
Com tudo no seu devido lugar, vamos apagar a luz vermelha e acender a do ampliador por alguns segundos e apagá-la(3). Os objetos fazem sombra sobre o papel, a emulsão vai ser sensibilizada pela luz onde os objetos não estão, ou onde a luz atravessa a superfície translúcida desses objetos, fazendo um registro deles.
O que se vê no Sob a luz é isso. Usei uma pena de pomba, bolinhas de gude e uma peneirinha de metal. Não tinha noção de qual seria o resultado, tem de experimentar. Surpresa boa! Gostei dos efeitos. 

Mas para chegar nessa imagem foi preciso fazer a revelação com produtos químicos, porque o papel fotográfico continua branco, como antes da exposição rápida à luz pela qual passou, e mais: continua valendo a história de não poder acender a luz branca, apenas a vermelha para não perdermos a imagem latente dos objetos registrada no papel.
A seguir são feitos os banhos, cada produto fica em um recipiente com água. Primeiro o papel passa um tempo mergulhado no revelador e aos poucos a imagem começa a se revelar e para mim é sempre emocionante esse momento, é bonito, mágico, ali se vê se deu certo ou não o procedimento que realizei.(4) 
Sempre se retira o papel de um recipiente com uma pinça especial e o deixa mergulhado por um determinado tempo no líquido. Depois, vai para o recipiente com o interruptor, ele interrompe a ação do revelador. Em seguida o colocamos no recipiente do fixador, para imagem não se apagar do papel, quando voltarmos a acender luz branca. Aliás, o próximo passo já pode ser feito às claras.
É a lavagem, neste banho em água corrente vão ser eliminadas as substâncias responsáveis pela formação da imagem, os cristais de prata que não regiaram para formar a imagem e ficam soltos(5), e ainda resíduos dos produtos da revelação.  
Nas imagens abaixo (detalhes), podem ser notadas as áreas escuras, as cinzas 



e as brancas do fotograma


Onde está preto é a área de maior exposição do papel à luz; as áreas em tons de cinza e a que está em branco receberam menos e nenhuma luz, respectivamente.

Um dia desses espero contar um pouco da história dessa técnica que a mim encanta e que ajuda quem vai começar a fotografar a entender como funciona a luz e os materiais  fotográficos e mesmo o modo como vemos objetos no mundo. Vemos as coisas porque refletem a luz que incide sobre sua superfície(6).
Podemos nos ver, um ao outro, exatamente pelo mesmo motivo.




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1. Estes papéis para fotografia P&B e outros materiais, como filmes P&B, podem ser encontrados em São Paulo, na rua Conselheiro Crispiniano, 105, rua próxima à estação de metrô Anhangabaú, subindo a rua 7 de Abril, segunda rua à direita. Neste mesmo endereço estão duas lojas, a Chromur e a Consigo, respectivamente no térreo e no primeiro andar. Vale ir numa e depois na outra sempre, porque os preços são diferentes para os mesmos produtos, às vezes uma tem o que se quer e a outra não. 
Dá para comprar pelos sites, e é bom visitá-los para verificar que esses papéis não são baratos, porque de grande qualidade. Aliás, é nisso que temos de pensar quando compramos algo especialmente na área da fotografia. Para começar comprei o mais em conta, na época, o Kentmere.
Com a debandada de muitos fotógrafos para o mundo digital, filmes e  papéis fotográficos desse tipo tiveram sua produção reduzida, há, por exemplo, filmes fantásticos que não são mais produzidos. É gostoso e importante saber que sou mais uma a precisar que a fotografia de filme permaneça, que não seja banida do planeta, como muitos ou nem tantos querem. 
Tem sido gratificante ler em blogs, em sites, fóruns, gente falando com orgulho de suas velhas câmeras de filme, herdadas de pais, avôs, compradas usadas ou seminovas. Li um depoimento de um moço com desejo de deixar a dele para o filho, apesar de expor sua dúvida sobre se ele vai querer. São jovens essa pessoas, a maioria é de homens, mas há mulheres também. Esse tipo de câmera ainda é fabricada, juro que li isso em algum lugar, só fiz a besteria de não guardar o endereço do site. O filme com que fiz as fotos mostradas em postagem anterior, dizem, não é mais produzido, era o Kodacolor 110. Eu, fica uma esperança de estarem enganados.
2. Não vou entrar em detalhes, mas devo dizer que a revelação de filme P&B é menos complicada que a de filme colorido. Fato que é ótimo pois aumenta a vontade de aprender os procedimentos de revelação e de montar o próprio laboratório para ter um certo controle da qualidade da revelação e também das cópias, aquelas que chamamos de fotografia e podemos pegar com as mãos e podemos colocar, entre outros suportes, em portarretratos sobre a mesa de trabalho ou na carteira e mostrá-las aos amigos.
3. No laboratório do Lasar, o tempo e mesmo o acender e o desligar a luz do ampliador pode ser regulado por um timer. O tempo que determei para a exposição à luz do material sobre o papel para este fotograma foi de 2s.
4. A revelação como descrevo é muito semelhante à de filmes, sobretudo os P&B,  só que estes são colocados em recipientes diferentes de que não falo agora porque este não é um manual e teria de me alongar muito. 
5. Os cristais de prata, presentes na emulsão de que falei, escurecem em maior (onde a cor é preta) ou menor grau (tons de cinza) onde não chega a luz ou nas áreas tranlúcidas onde a luz atravessa atingindo mais ou menos a superfície do papel.
6. embora não o assunto aqui não sejam as fotografias coloridas, vale lembrar que a luz quando é refletida pelo o objeto resulta na cor. O preto absorve todas as cores, há quem não considere preto uma cor, preto seria ausência de cor. No caso da fotografia P&B, as cores são "traduzidas" em preto, branco e tons de cinza por uma questão dos componentes do filme e do papel fotográfico específico para esse tipo de fotografia. Não me refiro a fotografia digital, que apresenta lá suas características próprias.


Fotogrando2


Achei melhor fazer umas observações em separado porque me excedi na anterior, temo ter sido muito técnica e até tornando meio aborrecido o texto. Eu bem que tentei não ser mas...

Não é por alguma implicância ou purismo que não me refiro à fotografia digital. Não é o tipo de fotografia que estou fazendo no momento, não sei muito sobre o assunto, é só isso. Na verdade, redescobri que fotografar me interessa fotografando com a câmera digital do meu celular, também aprecio filmar nele, ih, é outra história. 
Gosto de pensar que cada meio tem suas qualidades, suas especificidades e produz resultados diferentes. Acredito em qualidade da fotografia e, antes, na qualidade da sensibilidade, da emoção, da intenção do ser humano por trás da câmera seja ela digital ou de filme. 
Tenho uma postagem a caminho em que falo um pouco da qualidade do que pode ser feito em termos fotográficos com uma câmera de buraco de agulha, a que pode ser feita com uma lata de leite, uma caixa de papel com um furo de agulha, sem lente, com a qual fazemos registros fotográficos diretamente sobre um pedaço de papel fotográfico dentro dessa lata ou caixa, de modo muito semelhante ao que se fazia num tempo muito distante do agora e que permanece como objeto de encantamento para muitos de nós, que tivemos ou não a experiência de fazer, mas sobretudo a de ver o resultado dessa câmera simples, pero no mucho.
Não desprezo tecnologia, por exemplo, sei de papéis maravilhosos para a impressão de fotografia digital. Digitalizei o fotograma Sob a luz. E me alegro com a possibilidade de  imprimi-lo num desses belos papéis! A tecnologia digital é bem-vinda, procuro somar recursos e não extinguir alguns.

Eu me imagino, sim, trancada num quarto escuro revelando papéis recém-saídos de minha câmera de buraco de agulha ou revelando filmes P&B, tudo com a delícia de ver as imagens surgidas. No caso do que é registrado diretamente nos papéis, como se pôde ver que acontece com os fotogramas, a imagem aparece pouco a pouco sobre o papel fotográfico durante a revelação, algo que, volto a dizer, é lindamente observado durante a revelação sob a luz vermelha, mas no caso dos filmes veem-se as imagens somente depois de retirá-los do recipiente vedado a qualquer tipo de luz e melhor ainda durante o processo de ampliação seguida de revelação, de que não vou falar agora.

Então as fotografias digitais... 
Há portarretratos digitais, não é? E as fotos agora são vistas nos celulares, enviadas por e-mails. Isso não há como negar que é bom.
Algo com que concordo com Vera, fotógrafa e orientadora do curso no Lasar, é quanto a fotografar com consciência do que se está fazendo. Os ajustes da câmera, a observação da luz, a leitura da cena, outras tantas leituras, entre elas, a da fotografia em si; o estudo, a seriedade; o não acionar o disparador por acionar, por um ato mecânico do dedo movido meramente pelo desejo de registrar tudo o que te passa diante dos olhos. O educar esses olhos a detectar o instante de o dedo pressionar o disparador, o exercício, o experimentar, o analisar, o crescer do olhar atento e exigente e sensível.
Isso tudo, creio, vale para quem usa câmeras de filme como para os que fotografam com as digitais. E vice e versa.
 




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1. Ver o filme revelado é outra emoção, não menor só que não observável até chegar no momento da lavagem, porque ele reage a qualquer tipo de luz, não escapa nem a vermelha, por isso é revelado num pequeno tanque muito bem vedado à luz. Já passei por uma grande ansiedade durante a revelação de filme P&B no laboratório. Ainda conto.

sábado, 4 de dezembro de 2010

Recomendo_Música




Não vou mentir, fazia um tempo considerável que não ouvia Otto, cantor, compositor e instrumentista. Foi bom receber mensagem de Veri(1) em que havia esse flyer sobre a apresentação dele no SESC Campinas (SP), daí me toquei e voltei a ter vontade de ouvir música dele, saber se ainda posso gostar do que Otto faz.
Gosto de algumas letras de Otto. 
Neste país, em que qualquer um é compositor, cantor ou músico, não importando se o que faz é bom ou não, desde que apareça na Globo, Otto é bem-vindo pela qualidade de sua música. E, por isso é bacana que ele apareça em trilha sonora de novela global mesmo com letra de Crua(2) alterada. 
Parece haver uma epidemia de música ruim com letras sem sentido ou muito iguais, arranjos pobres porque respeitando fórmulas repetitivas, batidas, surradas... não é mais preciso saber cantar, interpretar, tocar um instrumento, escrever uma letra, se arriscar a não ser entendido por uma multidão de pessoas mas fazer beleza, talvez passar mensagem ou não, mas que tal algo significativo, seja lá  o que quer dizer isso?
E não me refiro apenas ao que acontece no País, é uma onda globalizada, ou seja, se espalha pelo mundo todo em maior ou menor profundidade nas sociedades. 
Sei que a vida não está fácil, mas pensar, refletir pode continuar fazendo parte do cardápio para a alma, para o cérebro, eles precisam disso para nos manter vivos, criativos, expressivos. Pensar é um alimento saudável.
Otto no SESC Campinas, pode ser um banquete!

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1. Trata-se de Veridiana Weinlich do MILK, um espaço de arte, entrenimento e gastronomia aqui em Campinas (SP). Fica à rua Sampaio Ferraz, 581, esquina com Antonio Lapa, no Cambuí. Tem até uma indicação na Veja Campinas