31ª Bienal de São Paulo_ainda não fui

    

Arte, muita arte,  Bienal é uma imensa exposição de exposições.
Muito o que dizer da Bienal e começo com um artigo que escrevi sob o impacto da crítica de uma jornalista da revista Veja. Antes quero dizer que espero escrever mais aqui sobre esse evento das artes, especialmente porque decidi que neste ano vou colocar calçados confortáveis e estar diante do máximo possível das obras que escolher ver de perto. Adianto que as duas obras que veem acima estão no meu roteiro.
Mas vou ao artigo.

A jornalista Maria Carolina Maia escreveu sobre a 31ª Bienal de São Paulo logo que abriu, no dia 6 de setembro.¹ Ela dá sua opinião sobre obras de alguns artistas e critica as de dois artistas brasileiros: Eder Oliveira e Thiago Martins de Melo.
Já li ataques à revista e nenhuma crítica à jornalista, nem o reconhecimento de que a opinião dela não é a da Veja e que, na revista, há listas com obras que para serem vistas em 30, 90 e 150 minutos, em que as obras dos dois artistas são apontadas e brevemente descritas numa espécie de recomendação. A de Thiago não aparece na primeira lista de 30 minutos certamente por ser mais complexa e demandar de mais tempo para ver, refletir, pois se trata de uma instalação.
A jornalista pensa que obra de arte boa é a obra que você precisa ler muita filosofia, história da arte e sei lá mais o que para "entender", talvez precise mesmo e, antes, precise ter alguma sensibilidade, um olhar, um não achar que, porque tudo o que está vendo é reconhecível, aquilo é superficial, fácil, óbvio, panfletário.
Há uns dias eu assisti ao historiador da arte Jorge Coli num vídeo do Café Filosófico,² falando sobre a espiritualidade na arte e comentando o que uma professora relatou sobre ter levado os alunos a um museu e não ter tido problemas em guiá-los na visitação às obras figurativas, mas ter tido que chamar o guia do museu quando chegou na parte das obras de arte abstrata. Pois bem, Coli a alertou para a necessidade de olhar os detalhes, se perguntar o porquê das linhas, das formas usadas pelo artista na obra abstrata antes de chamar o guia, indo além ao mencionar que o mesmo procedimento de olhar e refletir fosse feito com as obras figurativas e que o guia fosse chamado depois disso também para esse tipo de obra em que casas, pessoas, objetos podem ser claramente identificados. [Espero não ter distorcido o pensamento de Jorge Coli!]
É mesmo tão óbvio o que os dois artistas, Eder e Thiago, quiseram dizer, dona Maria Carolina?
Os dois artistas na Bienal tocam, mergulham em assuntos espinhosos da sociedade brasileira. Eder Oliveira traz rostos de detentos. Eu mesma me pergunto por que não o das vítimas? Por que nos fazer lembrar que são pessoas, são humanos? Será só isso o que Eder diz? Tão simples assim, para usar essa expressão que me parece saída de alguma novela globosa?
E o Martírio, com que o artista Thiago explode o silêncio sobre a terrível situação do homem amazônico pelo qual poucos, quase ninguém se interessa, porque fica muito "longe" daqui e que, por isso mesmo, é o grito urgente, ao menos o de tinta a óleo, barro, arame farpado, enquanto o outro não vem!
Nem vou me deter nas metralhadoras de plástico citadas pela jornalista feroz... ela jornalista não se detém no fato de os dois artistas terem levado obras figurativas para um evento que se chama Como Falar de Coisas que Não Existem, não deve ter lido sobre esse tema da Bienal, tem de ver o contexto. Ela foi superficial, não sabe que "a arte não responde, pergunta" [slogan da 4ª Bienal Mercosul de 2002].
Para a jornalista, o vídeo Inferno, da artista israelense Yael Bartana, que já estão tratando como "a sensação da Bienal", ali Maria Carolina vê algo que de fato reflete o presente




Ora, faça-me o favor, dona Maria, quer ver o templo de Edir Macedo³ no chão?
Temo que, depois da Bienal chegar ao fim em 7 de dezembro, algumas coisas continuem a não existir e, portanto, a não merecer serem faladas, uma vez que nem naquele espaço são admitidas.
Não sou defensora da revista Veja, o nome da jornalista é Maria Carolina Maia e a opinião é dela e as obras dos dois artistas são tratadas de duas maneiras na revista. Ontem eu comentava com um amigo que a tal revista parece esquizofrênica, tem quem recomende, ao que parece anonimamente, e há quem assine críticas corrosivas a obras expostas na Bienal.
O que podemos fazer é ler, pensar e, se for possível, visitar as obras, ouvir os artistas em entrevistas dadas, ler outros jornalistas, críticos e historiadores de arte, e refletirmos sobre o lido, ouvido e sobretudo sobre o visto, o experimentado diante das obras.
Como eu disse no início, ainda não estive no evento, mas tive o prazer de conhecer o artista Thiago Martins de Melo, pois esteve no Ateliê Aberto preparando obras para sua instalação. E fiquei bastante impressionada com a força de suas obras e de sua fala, de sua visão da sociedade. Ele é um pintor fantástico, figurativo e modelou mais de 50 peças em argila



Tive o privilégio de ver pessoalmente obras dele em dois momentos no Ateliê, um deles foi a conversa com o artista e dois dos curadores da Bienal que vieram a Campinas, a foto é do convite para a conversa que foi meses atrás.
Há tanto o que dizer desse evento Bienal e mesmo sobre os artistas que citei no texto.
Vou ver o que faço e depois conto mais!
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1. O artigo da jornalista deve ser lido para entender do que estou falando:
http://veja.abril.com.br/noticia/entretenimento/31-bienal-foca-presente-com-politica-sexo-e-religiao
2. Gostei imensamente da aasistir ao vídeo dessa palestra de Jorge Coli, vale muito ouvi-lo
http://www.cpflcultura.com.br/wp/2009/12/01/integra-a-espiritualidade-da-arte-jorge-coli-campinas/
3. Sobre o templo da Igreja Universal do Reino de Deus, construído em São Paulo, como uma réplica gigantesca do Templo    de  Salomão que em Jerusalém já foi  destruído por duas vezes e até hoje não foi reconstruído, restando em pé o que se chama de muro das lamentações, trago o link
http://zh.clicrbs.com.br/rs/noticias/noticia/2014/07/maior-templo-evangelico-do-brasil-custou-r-680-mi-a-igreja-universal-4563495.html

ML_ Quando entrei no site do Prêmio Pipa e assisti aos vídeos com depoimentos de do artista Thiago Martins de Melo e vi suas pinturas ali eu fiquei muito tocada com o talento dele, os temas de suas obras. Foi o que me levou a participar da conversa e, depois dela, a desejar ir à Bienal, coisa que não faço há tempos. E, claro, há a obra de Eder Oliveira e outras na minha lista para a visita.