Já estava na hora de voltar a falar um pouco do que faço, não é?
Também com tanta agitação por conta da entrada da fotografia em minha vida e outros eventos, acabei parando de desenhar.
Fiz esboços, sim, algumas imagens mas não fiquei pensando na ampliação nem nas cores, menos ainda nos gestos necessários para realizá-las e quando isso seria possível.
Ainda fui perder um esboço que fiz num pequeno papel e que inexplicavelmente desapareceu da mesa do computador. Agora me resta usar a memória para recuperá-lo.
Não estou chateada, isso vai me permitir um exercício a que não estou habituada, o de me lembrar, refazer uma imagem com todos os riscos que isso implica. Um exercício que já começou assim que dei falta.
Sei sua forma básica,
mas não estou acertando um detalhe que não sei se seria mesmo importante lembrar.
O que quero dizer é que ele vai ser transformado. Está em plena transformação. Até a dimensão antes prevista para ser numa folha de papel grande (~50x70 cm) já vai sendo abandonada, porque outro dia, ao acordar, tive uma espécie de visualização da imagem num papel menor, e mais: não cheio de cores e sim um desenho com linhas bem definidas e apenas o uso de cinza e de amarelo brilhante claro. Essas ideias podem ser alteradas durante o processo, mas ao pensar nelas eu considero bastante boas.
Quando fico um certo tempo sem desenhar a volta não é exatamente fácil. Normalmente paro quando estou em algum processo novo que teria um desenvolvimento diferente se não fosse interrompido; ao voltar a desenhar, já não o retomo ou o olhar se altera nesse meio tempo.
As interrupções, é preciso que eu diga, não são por vontade minha ou alguma necessidade do desenho, às vezes faltam materiais nas lojas, outras vezes são fatores externos, como os afazeres do dia a dia. Não nego que haja épocas de seca criativa, mas nos últimos tempos não era isso.
Como parte da vontade de lidar com a tal forma, fiz pequenas monotipias sobre papel(1)
A primeira dá para notar que não deu muito certo, a segunda está boa e a terceira só ficou assim porque retoquei com pincel, tinha ficado ruim.
Todas as monotipias de que estou falando aqui foram feitas com o mesmo molde vazado(2). As três monotipias acima fiz com o papel seco e a tinta úmida; para a quarta, de que pretendo falar ainda, o papel foi umedecido.
Fiz intervenções nessas monotipias para "salvar", embora seja bem comum fazer isso com a função de construir uma imagem. Já vi muitos que desenham sobre a monotipia, que colorem com giz pastel seco ou oleoso, com tinta etc. Retrabalhar a imagem obtida com a técnica da monotipia ou qualquer outra é um procedimento da arte
Para a quarta monotipia, resolvi umedecer o papel,
_______
1. Informações sobre o material usado: papel japonês colado em papel Aquarela da Canson (300g/m²) e tinta à base de água para xilogravura e linoleogravura da Speedball. O papel pode ser comprado em várias lojas, em Campinas (SP), comprei o bloco na Casa da Arte. A tinta, creio, só em lojas de São Paulo, comprei na Casa do Artista da Alameda Itu. Há a possibildade de comprar pela internet também.
2. Tenho desenhos feitos com base em molde como os da postagem Vermelhos. Moldes são um recurso que me permite fazer variações de uma forma que me atrai, gosto bastante disso.
3. Esta é uma monotipia alterada, tem colagem, uso de tinta acrílica e giz pastel (não diz se pastel seco ou oleoso) e está à venda no site Etsy.
4. Pode-se fazer monotipia com o papel umedecido e a imagem feita com tinta à base de água seca sobre o suporte, placa de vidro, acetato etc.
O papel é deixado em um recipiente com água por algum tempo (minutos) e o excesso de umidade dele depois é retirado colocando-se o papel entre folhas de jornal ou no meio de uma toalha ou pano seco. A gente deve passar a mão de leve sobre as folhas de jornal ou a toalha para ajudar nessa enxugada. Tem de evitar secar demais. O procedimento para imprimir é o mesmo que descrevi em Monotipia | Monotype |.... Com a prática tudo isso vai ficando mais fácil ou então nos acostumamos à lida e suas complexidades.
ML_ Enquanto escrevia a postagem, encontrei o esboço sumido. Agora ele vai ter de esperar, quem mandou sumir?
Quando faço uma postagem demoro muitas vezes escrevendo, procurando ou ajeitando as imagens que vou inserir, até pesquisando informações, endereços para os links, dá tempo de acontecer um monte de coisas. Esta postagem começou a ser escrita no dia 04 deste mês às 17h44 e na quarta passada sofreu um acidente e teve uns 80% do seu corpo deletado. Esta é uma postagem reconstituída.
Não estou chateada, isso vai me permitir um exercício a que não estou habituada, o de me lembrar, refazer uma imagem com todos os riscos que isso implica. Um exercício que já começou assim que dei falta.
Sei sua forma básica,
O que quero dizer é que ele vai ser transformado. Está em plena transformação. Até a dimensão antes prevista para ser numa folha de papel grande (~50x70 cm) já vai sendo abandonada, porque outro dia, ao acordar, tive uma espécie de visualização da imagem num papel menor, e mais: não cheio de cores e sim um desenho com linhas bem definidas e apenas o uso de cinza e de amarelo brilhante claro. Essas ideias podem ser alteradas durante o processo, mas ao pensar nelas eu considero bastante boas.
Quando fico um certo tempo sem desenhar a volta não é exatamente fácil. Normalmente paro quando estou em algum processo novo que teria um desenvolvimento diferente se não fosse interrompido; ao voltar a desenhar, já não o retomo ou o olhar se altera nesse meio tempo.
As interrupções, é preciso que eu diga, não são por vontade minha ou alguma necessidade do desenho, às vezes faltam materiais nas lojas, outras vezes são fatores externos, como os afazeres do dia a dia. Não nego que haja épocas de seca criativa, mas nos últimos tempos não era isso.
Como parte da vontade de lidar com a tal forma, fiz pequenas monotipias sobre papel(1)
T1
T2
T3
A primeira dá para notar que não deu muito certo, a segunda está boa e a terceira só ficou assim porque retoquei com pincel, tinha ficado ruim.
Todas as monotipias de que estou falando aqui foram feitas com o mesmo molde vazado(2). As três monotipias acima fiz com o papel seco e a tinta úmida; para a quarta, de que pretendo falar ainda, o papel foi umedecido.
Fiz intervenções nessas monotipias para "salvar", embora seja bem comum fazer isso com a função de construir uma imagem. Já vi muitos que desenham sobre a monotipia, que colorem com giz pastel seco ou oleoso, com tinta etc. Retrabalhar a imagem obtida com a técnica da monotipia ou qualquer outra é um procedimento da arte
Mistery of Georgia Clay, Sharon Clabo(3)
e nada novo, basta ver a obra de Edgar Degas
L'Étoile ou Danseuse sur scène, 1876
Pastel sobre monotipia
T4
então começou a se soltar o finíssimo papel japonês. Corri para evitar a soltura completa dele do outro papel e me pus a retirar o excesso de umidade com mais cuidado do que o habitual. A monotipia não ficou como esperava porque a tinta estava úmida também(4). As bordas indefinidas eu não gostei, pode até ser um efeito interessante em outro momento. De qualquer modo, foi uma aprendizagem não acertar, agora sei como conseguir bordas desse tipo.
Pode parecer estranho eu falar do que não deu certo, mas acho importante contar que não cai do céu quando dá certo e a imagem fica boa, bonita. Em arte também a gente erra, acerta, analisa tanto o erro quanto o acerto, faz reflexão sobre o resultado de todo o procedimento, isso vale para a vida por que não valeria para a arte?
Outra coisa que acontece é o saber incorporar o acaso. Às vezes olho para um desenho e penso que o destruí, por alguma cor que ficou deslocada, uma linha nada solidária com as demais. O giz pastel oleoso, que eu saiba, não admite de bom grado o uso de borracha para apagar o que não ficou bom e me desdobro para encontrar um modo de tornar o acaso parte do desenho sempre que possível.
Considero que falar dos não acertos seja uma oportunidade para dizer que fazer arte tem suas complexidades como tantas atividades realizadas pelas pessoas. Quero abalar a lenda do fazer artístico como lazer, terapia, como só alegria. Há uma luta, há um estudo, seja formal, em cursos superiores ou não, ou este do dia a dia do fazer mesmo, das leituras de livros, revistas, artigos, das idas aos museus, galerias, do olhar atento para as próprias obras; alguns escrevemos também, outros têm de falar o que fazem, sentem, seus projetos; pensar suas exposições, se abrir para novas imagens, técnicas, materiais, enfim, é uma série de elementos com que lidam esses artistas.
Eu sempre lamento a banalização da vida, da atividade de artista plástico. Ninguém diz que todo mundo pode ser médico, ser ator, dentista, mas existe a afirmação de que todo mundo pode fazer arte e há artista que toma isso como verdade para não parecer arrogante, metido.
Não é assim. Creio que algumas pessoas são talhadas para fazer isso ou aquilo e nem por isso se sentem melhores do que os outros; não sei por que motivo artistas plásticos teriam obrigatoriamente de ter o comportamento do nariz empinado ou em que artistas ele é observado para que seja estendido a todos.
Cada atividade tem seus prazeres e dificuldades; fazer arte, fazer monotipia pode divertir e pode dar um bocado de trabalho.
Persisto.
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1. Informações sobre o material usado: papel japonês colado em papel Aquarela da Canson (300g/m²) e tinta à base de água para xilogravura e linoleogravura da Speedball. O papel pode ser comprado em várias lojas, em Campinas (SP), comprei o bloco na Casa da Arte. A tinta, creio, só em lojas de São Paulo, comprei na Casa do Artista da Alameda Itu. Há a possibildade de comprar pela internet também.
2. Tenho desenhos feitos com base em molde como os da postagem Vermelhos. Moldes são um recurso que me permite fazer variações de uma forma que me atrai, gosto bastante disso.
3. Esta é uma monotipia alterada, tem colagem, uso de tinta acrílica e giz pastel (não diz se pastel seco ou oleoso) e está à venda no site Etsy.
4. Pode-se fazer monotipia com o papel umedecido e a imagem feita com tinta à base de água seca sobre o suporte, placa de vidro, acetato etc.
O papel é deixado em um recipiente com água por algum tempo (minutos) e o excesso de umidade dele depois é retirado colocando-se o papel entre folhas de jornal ou no meio de uma toalha ou pano seco. A gente deve passar a mão de leve sobre as folhas de jornal ou a toalha para ajudar nessa enxugada. Tem de evitar secar demais. O procedimento para imprimir é o mesmo que descrevi em Monotipia | Monotype |.... Com a prática tudo isso vai ficando mais fácil ou então nos acostumamos à lida e suas complexidades.
ML_ Enquanto escrevia a postagem, encontrei o esboço sumido. Agora ele vai ter de esperar, quem mandou sumir?
Quando faço uma postagem demoro muitas vezes escrevendo, procurando ou ajeitando as imagens que vou inserir, até pesquisando informações, endereços para os links, dá tempo de acontecer um monte de coisas. Esta postagem começou a ser escrita no dia 04 deste mês às 17h44 e na quarta passada sofreu um acidente e teve uns 80% do seu corpo deletado. Esta é uma postagem reconstituída.
Marga,
ResponderExcluirPrimeiro obrigadíssimo pelos ultimos comentários tão carinhos no blog. Me senti muito feliz de que certa forma podemos com as nossas vivências doar algo à outro, mesmo ainda conhecendo e descobrindo... Muito bom saber que gosta de me ler!
Realmente existe uma banalização na arte e no fazer arte, como não sendo algo que é necessário dedicação, estudo, concentração e muito investimento físico e material...
Não entendo porque aqui no Brasil isso ocorra, já que há uma riqueza de criatividade e cultura que aflora nas pessoas, nas regiões, porém rapidamente viram somente comércio ou são descartadas, infelizmente não muito critério, por que sim é tratado com algo não importante, assim como educação e saúde...
Adorei seu post, que bom que ainda persiste na monotipia, nada é fácil e não há resultado sem dedicação...Nada!
Bjs com muito carinho,