Asas (Desapego), 2006, giz pastel oleoso s/papel
Não sei se já disse mas, quando termino um desenho, passo a ser uma expectadora. Olho para ele como se não fosse eu quem fez. Isso tem muitas vezes como consequência o desejo de posse.
Outra pessoa pode desejá-lo também, então é preciso pensar nisso, na venda.
Em alguns casos se dá com facilidade. Não tenho esse sentimento de guardar tudo o que desenho, não faria sentido, não haveria espaço nem condições adequadas para tanto.
Asas é um desses desenhos que eu favoritei logo depois de terminado. Foi imediata a nossa comunicação. Há efeitos nele de que gosto demais, obtidos pela interação bonita do grafite com o giz. O diálogo se completou no momento em que afastei o giz preto do papel dando como encerrado o fundo.
Ele pertence à serie dos Duetos, que tem desenhos compostos de duas figuras mais uma central, esta servindo de detalhe. As duas figuras de Asas são feitas a partir de esboços de 2003. A central, creio, surgiu durante o processo.
Coloquei o nome de Asas porque parecem asas colocadas cada uma em seu suporte. O que me importa nele são as formas e as cores, confesso que o nome foi mais para poder me referir a ele. Alguns artistas não nomeam suas obras, alguns acham que já determina a leitura e isso não é bom.
Nomeio, mas quem vê está livre para interpretar, para gostar ou não do que desenho. Isso não é uma autorização, não tenho intenção de delimitar a visão de ninguém, acho difícil tentar isso porque a pessoa vê a partir de sua cultura, seu modo de encarar a vida, elementos que compõem a bagagem cultural e emocional da pessoa. É com ela que a pessoa vê e sente.
(Desapego). O subtítulo surgiu pouco depois de eu vir a saber que havia um interessado nele.
Foi necessário o desapego.
Asas vendidas.
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