terça-feira, 7 de outubro de 2014

18º Festival de Arte Contemporânea Sesc_Videobrasil


Estive no SESC aqui de Campinas na sexta-feira passada.
Meu único interesse era me inscrever num curso de Criação de Blogs.
Estava muito frio, um vento forte, mas, ao sair, já inscrita, decidi ir ao Galpão Multiuso que fica pertinho, mas com outra preocupação minha, queria uma bolsinha para carregar meus cabos de smartphone, lá às vezes tem algum artesanato ou coisa assim.
Não achei.
Olhei bloquinhos, livros, CDs. Meus olhos, de vez em quando, iam mais além da loja

kora prince
e voltavam.
Sabia dos vídeos, sabia do Festival de Arte Contemporânea SESC Videobrasil há um bom tempo, desde o mês anterior e, naquele momento, já estava com o livreto do festival nas mãos e, vendo uma fileira de televisores de plasma, mas não ia até lá, onde via pessoas falando.
Demorei, mas não resisti.
Era um ambiente com luz baixa, paredes em cinza escuro, claro mesmo somente sobre a mesa ampla, com livros e outros informativos sobre o Festival, como se pode ver na fotografia acima.
Vídeos legendados em português. Ainda assim usei os fones de ouvido disponíveis em ganchos logo abaixo das tevês. Desenrolei o cabo, fones devidamente colocados e fiquei ali ouvindo Basir Mahmood.
Achei que ele era indiano. Equívoco: é um artista do Paquistão. O nome dele era uma pista, no entanto não me dei conta.
Ele foi meu primeiro escolhido graças ao equívoco, mas também por eu ver que se tratava de um vídeo – bem, pensava que haveria outros suportes além do vídeo, não me informei antes, apenas dei uns passos e ali estava eu em plena exposição.
Na obra de Mahamood My Father (2010), vi uma pessoa idosa tentando enfiar linha numa agulha. Era um homem de barbas brancas

Basir Mahmood_My Father_from Videobrasil site
Naquela seção de vídeos, os artistas dão seu depoimento sobre a vida, sobre a obra, percebi isso depois, eu estava preocupada em não me demorar, lá fora estava bem frio e não fui devidamente agasalhada para enfrentar ventania.
Me dirigindo para essa área a que me refiro, fiquei um pouco em frente ao vídeo de uma moça oriental e li na legenda que se… ela não teria feito uma escolha.  Parecia triste, nervosa, as mãos denunciavam o nervosismo. Achei podia ser desinteressante saber sobre seu problema, como muitas pessoas que fogem de gente com problemas, embora eu evite fazer isso. Não li o texto com informações preso à parede relativo ao vídeo e segui para o vídeo do artista que não é indiano.
Depois, o segundo artista a quem ouvi foi Lucforsther Diop, nome que estou lendo agora no livreto do festival, porque lá não cheguei a ler e talvez não me lembrasse de qualquer forma agora, menos ainda da grafia de seu nome. Ele é de Camarões, neste momento só me lembrava que era um país da África e que ele vive na Europa. Recorro ao livreto, leio Holanda.
Seu vídeo nele vi sua própria mão. Apenas os dedos se movendo, com a palma dela voltada para o espectador

Lucfosther Diop_from Videobrasil and Lucfosther's blog
A descrição que está no livreto me faz pensar na necessidade de tempo para entender, se relacionar com uma obra que parece banal, mas não é, We Are One fala das relações humanas. Lembro me ouvi-lo mencionar a resistência que tem para viver na Europa e a que teria ou teve, tem quando está no seu país. Maior agora que é um estrangeiro.
Não é incomum ouvir falar nas dificuldades de uma pessoa em se adaptar num lugar que não é o de seu nascimento, ou não, mas um homem negro de África na Europa é bem difícil mesmo.
Confesso que a falta de tempo não me permitiu interagir com a obra dele e ver nos movimentos de seus dedos aquilo que ele quer nos fazer pensar.
Dando mais uns passos entrei na área onde estavam sendo exibidos os vídeos de cada um dos artistas, que é preciso que se diga que tiveram suas obras premiadas ou que receberam menção honrosa neste festival. Aliás, o que veio do festival para Campinas é uma parte itinerante, houve  muito mais artistas participando, aqui veio uma amostra.
Por incrível que pareça a obra que me pegou, me fez esquecer a passagem do tempo, o vento lá fora foi a de Sherman Ong, cujo nome me esqueci, porque o tinha lido ao sair da sala onde assisti a uma parte de Motherland, sua obra, e foi no sábado pela manhã que li no livreto, enquanto estava no mercado aguardando a chegada de minha mãe. Atualmente com o smartphone podemos pesquisar nos lugares mais inusitados, como eu, em pé, diante do carrinho de mercado, fiz com ansiedade, logo vão saber por que razão.
Estou chateada por não ter ido antes ao Festival, não somente por, de certa forma perder de ver com calma os vídeos, os depoimentos, mas por não ter avisado no blog em tempo de mais pessoas irem até o SESC para isso. Terminou no domingo!
Eu teria recomendado com muito gosto que visitassem, ainda recomendo que sigam os liks que vou compartilhar no final do texto para quem ainda tiver interesse de assistir tanto aos depoimentos dos artistas quanto os vídeos citados e outros. É uma recomendação envergonhada, mas recomendo.
Claro que podemos recuperar informações, mesmo os vídeos na internet, mas ficam faltando o ambiente, o tipo de luz, a maneira como as obras foram apresentadas no espaço do SESC. Tudo isso trouxe elementos especiais, condições que não podemos ter em casa diante da tela do monitor ou do notebook, do tablet, muito menos de um smartphone.
Isso vai ficar claro daqui a pouco.



Retomando Motherland, do artista nascido na Malásia

Sherman Ong_Videobrasil e viddsee
Quando inventei de olhar numa espécie de caixa imensa, servindo de sala, vi novamente a moça do vídeo de que não quis assistir nem ao depoimento do artista.
Eu me senti provocada, talvez tocada, como se ela insistisse em me contar sua história.
Era uma sala pequena, com uma tevê de plasma grande, não sei dizer de quantas polegadas era. Espiei porque havia luz ali dentro e havia um banco, creio que cinza escuro como o interior da sala e mesmo por fora. Fui me sentar bem no meio dele, diante da tal moça oriental de blusa vermelha, sentada num sofá.
Os vídeos no Festival ficam passando o tempo todo, acaba e recomeça em seguida. Há pouco,  procurando um link para o texto que escrevo, confirmei que peguei o filme já começado.
A moça fala de um relacionamento, de um casamento com alguém mais velho, os estereótipos ligados a isso, o que se passa. Eu me dou conta de que não devo contar a história, ou as histórias desse vídeo que fala de imigração para Cingapura de jovens, a que contava sua história soube que fala em mandarim, ela imigrou da China para lá. Depois de terminada a história da moça, a tela da tevê ficou escura. Permaneci ali e de repente ouvi um barulho de água correndo num encanamento na sala sem luz. Sei lá por que olhei para o teto. Aquilo vinha do alto. Permaneci sentada.
Em segundos, a tela de novo iluminada e vi, por uma porta entreaberta, uma pessoa nua tomando banho. Achei que era assim que o vídeo começava.
Nada disso. Era outra história. A de um jovem também oriental.
A história dele é um bocado complicada, envolvendo uma mulher mais velha, um senhora.
No link em que compartilhei o trecho dessa parte do vídeo, é possível entender minha ansiedade com esse rapaz contando sua história num vídeo, eu me preocupei com ele sinceramente, porque fala de sua intimidade, de sua profissão e ele tem um relacionamento com uma jovem em outra cidade.
Só me tranquilizei ao saber que os depoimentos em Motherland são reais, mas interpretados por atores.Sherman Ong ainda assim considera que o que faz é documentário, no caso sobre pessoas que vão em busca de uma vida melhor em Cingapura.
Pode haver alguma imprecisão nas informações que dou aqui, teria de ler mais, procurar mais informações na internet, porém o sentido de trazer esse assunto para o blog, mesmo o evento já tendo passado, é que acontecerão outros e temos de colocar em nossas agendas esse evento anual.
No ano que vem não sei se vai haver itinerância, ou seja, a vinda de uma amostra do Festival para  SESCs do interior, como foi no de Campinas e de São Carlos, mas a 19ª edição já está em andamento com informações disponíveis para quem quiser participar no site do Videobrasil. Tem de ler com atenção.
O 19º Festival de Arte Contemporânea Sesc_Videobrasil será de 6 de outubro a 6 de dezembro de 2015 no SESC Pompeia em São Paulo.
Havia vídeos de artistas brasileiros também, assisti uns trechos apenas do mineiro Luiz de Abreu, O Samba do Crioulo Doido e o da baiana Virgínia de Medeiros, Sergio e Simone.
Na saída, passei pela mesa iluminada e peguei o que mais parecem figurinhas de um álbum

Itinerância_SESCCampinas_ML2014

mas são fotos de obras desse Festival e de edições anteriores.
Aqui indico o que pude localizar na internet sobre os vídeos a que me refiro no texto. São vídeos, trechos de vídeos, tanto dos depoimentos quanto das obras dos três artistas de que falei mais:


Basir Mahmood_depoimento
[legendado em português] e vídeo My Father [trecho]

Lucfosther Diop_depoimento
[legenda em português] e vídeo  We Are One (2009/2010)

Sherman Ong_depoimento
[sem legenda em português] e vídeo Motherland (2011)
Xiao Jing
[legenda em inglês]Jesmen [legendado em português]
Há mais duas partes do vídeo a que não assisti: Agnes e Verena.

2 comentários:

  1. Marga, legal sua vivência do Festival!
    O Festival acontece a cada dois anos, e as itinerâncias acontecem no ano entre festivais.
    Ano que vem tem o 19º, e em 2016 tem a itinerância do 19º, que deve sim chegar a Campinas
    Abraço!

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    1. Olá, Ricardo!
      Que bom você explicar as itinerâncias. Então é só no ano seguinte ao Festival!
      Toca informar direito quem visita o blog e incentivar que puder, quiser, tiver interesse a ver os vídeos no Festival em São Paulo.
      Eu fiquei muito emocionada com os vídeos e os depoimentos dos artistas.
      Fico grata pelo seu comentário!
      Abraço

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