segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

Renovando

Já estava na hora de mudar a navbar e aí está um novo desenho!
Na verdade, um recorte dele para caber na navbar.
Os giz inteiro

Os Giz_MargaLedora_11.2011


o título tem a ver com o fato de ter usado giz de várias marcas, usei o Sennelier, o Caran d’Aché e o da Maimeri. Ele foi feito em novembro deste ano. Eu o escolhi justamente por isso e por ser colorido assim, já que andei a fazer desenhos com cores escuras e não queria usar nenhum deles na navbar, tampouco desenhos de anos anteriores por mais coloridos que sejam.
Definitivamente o giz pastel oleoso é essencial para minha arte. Não fossem os problemas que encontro de tempos em tempos com fornecedores desses materiais, minha criação seria mais tranquila.
No começo do ano tive a desagradável notícia sobre não haver mais quem traga o giz Sennelier, um choque para mim que comecei a desenvolver uma técnica mais específica de usá-lo pois sua consistência amanteigada exige outro modo de aplicação.
Tenho só algumas cores desse giz e, confesso, tenho mesmo um cuidado redobrado ao usar o Sennelier dada a dificuldade de repor.
Mas é, como disse um amigo, vou procurar desenhar em paz, pode ser que minha sorte mude e seja possível obter o giz…
Nesse desenho retomei, sem premeditar, o padrão de linhas que simulam faixas que se trespassam, algo muito comum em antigos desenhos a bico de pena dos anos 1980*

Os Giz_detalhe_Marga Ledora 2011 
Creio que certas estruturas são tão minhas, me significam tanto que voltam a aparecer sem que eu me dê conta. Ao desenhar segui o olhar, a forma que se construía no papel numa acordo invisível, silencioso entre meu desejo e o da  própria imagem. Nos meus diálogos com pessoas surgem assuntos mais antigos, então é natural que temas, estruturas, cores voltem, ainda mais se tratando de elementos que fazem parte do meu vocabulário visual.
As faixas foram um achado no momento em que, se bem me lembro, não tinha nada em mente que fosse, digamos, adequado ali naquela área do desenho. Não foi pensando no antes que as faixas foram feitas, levei um tempo até perceber a bem-vinda retomada.
Pois é, esse desenho foi o escolhido para os próximos meses. No entanto não estranhem se ainda mexer um pouco, estou achando a fonte meio grande, vou ver o que faço. 


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* Não esperava escrever aqui hoje, estava preparando outra postagem quando vim até o blog e fiquei a olhar a antiga imagem da navbar. Claro que inventei de mudar e fui buscar uma nova imagem minha para substituir.
Eu me decidi por essa de agora e foi ao descrevê-la que mencionar os desenhos feitos com nanquim a bico de pena foi necessário e neste momento não consigo localizar nenhum para mostrar a vocês.  Sim, fica para outra ocasião, devo voltar à postagem começada!

terça-feira, 2 de agosto de 2011

Arte Postal_1


 Ciências naturais e uma confissão, 2011

Esta fotografia é obra minha.
Vão estranhar eu não me estender falando sobre ela, mas é que, por ora, quero apenas compartilhar com vocês a alegria de participar da convocatória de Arte Postal "Os Livros" e vê-la publicada no blog

Arte Postal - Os livros / Mail Art - The books

Claro que fica uma tentação enorme de falar sobre o que seja arte postal, sobre Constança Lucas, artista visual, que foi quem propôs a convocatória, sobre como soube disso, também falar da foto, de como criei a composição, a história do livro, enfim, há muito o que dizer e, como sabem, não poderia nada disso em poucas palavras. Ontem mesmo iniciei uma postagem e percebi que demoraria muito :)
Quero agradecer a Constança, pelo tema dos livros, sou louca por livros, e pela atenção comigo;
a João - foi quem falou da convocatória e me fez começar a pensar em participar;
a Eni - ela me incentivou de modo decisivo e evitou que eu esquecesse da convocatória;
a Pedro, que me aguenta descrevendo todos os processos fotográficos com termos técnicos e minhas autocríticas, o que não deve ser fácil;
a Heddy e a Regine, que curtiram a foto no Facebook;
Gabriel, que toca, desenha, fotografa e se alegrou com minha coragem em participar;
a Isa e a Cy, que fizeram comentários muito gostosos no Arte Postal;
a quem for ver e vai ficar aguardando a postagem em que vou falar muito sobre tudo isso.
Em tempo, agradeço a Alline, fotógrafa maravilhosa, que acaba de curtir a foto no Facebook e a Silvio, que ainda não viu mas incentivou também!

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ML_ Sobre a convocatória, basta entrar no blog. A data limite de envio foi prorrogada até o dia 5 próximo. Falta pouco!
Constança Lucas, Eni Illis, João Bosco e Cy Calfat estão com suas artes postais no blog. Vale visitar, pois  há muito o que ver por lá.

quinta-feira, 30 de junho de 2011

Luz no escuro*


Não sei se alguém vai se lembrar da primeira postagem em que me referi à câmera fotográfica Olympus TRIP 35

Pois bem, na época eu não havia sequer testado a câmera descoberta entre os guardados de meu falecido pai.
Testar era necessário para ver se ela ainda funcionava, fosse o que fosse que isso significasse. O teste foi no ano passado, quando, muito ansiosa, mandei revelar o filme que havia colocado na câmera e tinha até receio disso por temer não ver foto alguma caso houvesse problemas sérios com a câmera, de um tipo que não desse para solucionar a contento.
As fotos foram feitas no modo manual, ou seja, eu a decidir as aberturas com que faria cada foto, ainda sem noção do funcionamento de uma câmera fotográfica de verdade. Fui com a ideia de leiga sobre luz e essas aberturas, fotografando cenas iluminadas com uma abertura menor e mais escuras com as maiores.
Numa conversa com meu irmão fui surpreendida com a informação de que, quanto maior o número que consta do anel, menor a abertura para a entrada de luz pela lente da câmera


Detalhe do anel_Olympus TRIP 35_Manual original

Exato, fiz tudo ao contrário, não adiantou usar de lógica. Há uma boa resposta para a numeração aparentemente não corresponder ao tamanho que se imagina, porém é meio complicada, chegaram-se aos números fazendo cálculos. Não é o caso aqui falar sobre isso em detalhe, basta olhar essas figuras e não ter mais dúvidas, é o contrário do senso comum sobre as coisas 

Aberturas de diafragma 1Aberturas de diafragma 2Aberturas de diafragma 

Para a TRIP, o número f2.8 (no anel de cor clara) é o de abertura máxima dessa lente de 40mm; a f22, essa é que é a menor. Numa cena muito iluminada usam-se aberturas menores, como a média f5.6 ou uma menor como a f16. Para cenas mais escuras, abre-se mais o diafragma, talvez a f2.8 mesmo ou outra1.
Outra informação que tive, enquanto fotografava, foi que o fotômetro2 dela não estava funcionando. Trata-se de um fotômetro de células de selênio, células essas que não podem ficar permanentemente em contato com a luz, do contrário elas morrem. Como a TRIP havia ficado não faço ideia quanto tempo guardada em sua bolsa e esta ainda protegida por uma caixa de isopor e uma espécie de sobrecapa de papel no fundo de uma gaveta, foi decepcionante perceber que ela não mostrava sinais de reconhecer a luz ou sua ausência.
Soube desse fato ao encontrar na internet a informação sobre o funcionamento do fotômetro da câmera. Aliás, no começo, foi em sites que aprendi muita coisa sobre ela; não sabia que tinha fotômetro ou o que era isso.  Meu recente aprendizado de fotografia ainda estava em início e a atenção voltada para a Canon AE-1 PROGRAM, que tem recursos mais modernos e seria a usada na oficina de fotografia no Museu Lasar Segall.

Existe uma lingueta vermelha que aparece no visor da câmera, 

Lingueta_visor da Olympus TRIP 35_foto do Manual original

A quantidade de luz que passa pela lente não sendo suficiente para uma fotografia minimamente boa, ao acionar o botão disparador, a lingueta aparece e não conseguimos fotografar. Na minha TRIP, mesmo com a tampa, ou seja, sem luz nenhuma entrando pela lente, nada de lingueta vermelha.
Não pensem que entendi isso de lingueta aparecer logo de cara, demorei. Foi só depois de ver fotos da dita cuja e reler as informações como a de que o teste da luminosidade tem de ser feito com a câmera no modo automático (A)3 para dar certo. Claro que não precisava dizer que fiquei aborrecida demais, o teste era desanimador! 

No entanto, existe um consolo: pode-se fotografar sem o fotômetro interno com qualquer câmera dessas que tenham ajustes manuais de abertura de diafragma e distância do objeto, felizmente há os de mão


e, ainda sem um, na embalagem de filme fotográfico vem uma tabela que guia a gente para decidir as aberturas do diafragma controlando assim a quantidade de luz de acordo com as cenas estarem mais ou menos iluminadas

Lingueta de embalagem de Fuijifilm Fujicolor 100

E para ser sincera, depois de ver fotos feitas com essa câmera na internet, não seria um fotômetro com células mortas4 o que me faria deixá-la de lado. Ao descobrir a TRIP, não foi de imediato que quis fotografar, isso foi em 2006. Em 2010, com o desejo de levar à sério a antiga vontade de fotografar e a possibilidade de fazer a oficina de fotografia, é que fui rever a câmera e me nasceu a determinação de fazê-la voltar à ativa. É uma grande câmera.
Dada a importância de vê-la funcionar, ficava tensa, sem coragem, demorei muito a mandar revelar o filme. Quando fui à loja,  pedi para revelarem o filme sem fazer a impressão no papel, se ficassem ruins não teria de gastar muito. Revelado, vim para casa analisar o filme contra a luz e, vou parar com o mistério, escolhi duas poses 

Olympus TRIP 35_teste1_MargaLedora 2010 
Olympus TRIP 35_teste2_MargaLedora

Eu simplesmente me emocionei com elas, não porque perfeitas5, não o são, e sim por serem as primeiras depois de décadas sem que passasse nenhum raiozinho de luz pela lente dessa Olympus TRIP 35. Havia um excesso de luz  tanto numa cena quanto na outra, observável em ambas, atribuído inicialmente apenas à minha  inabilidade com o diafragma. O importante é que me fez não pensar mais para levá-la a um técnico.
Vejam como é bom contar o que aconteceu pois, ao escrever isso, acabei me lembrando que notei o diafragma travado, problema que foi confirmado numa loja de artigos fotográficos; na verdade em duas, só que na primeira eu não entendi do que se falava6 e o preço do conserto... Bastava tentar regular as aberturas girando o anel do diafragma para ver que não se alterava sua abertura7.
Fui informada, depois da avaliação do técnico, que, se eu concordasse em fazer o que me propunha, a TRIP ficaria como nova. Primeiro dúvida: nova? Umas perguntas que fiz foram respondidas e decidi confiar. Concordei. Seriam feitas a limpeza e a lubrificação das peças. Tinha certeza de que o diafragma seria destravado com esses procedimentos, mas e o fotômetro?
Só sosseguei quando, um mês depois nas mãos do técnico, me dirigi à loja e com a TRIP na mão pude ver a tal lingueta em ação assim que acionei o disparador com ela devidamente tampada. Maravilha
, ela ficou muito bem acondicionada na gaveta de meu pai. Foi incrível sabê-la pronta para mais um teste, esse para ter certeza de que ficou tudo bem. E comecei a fotografar no modo automático (A), porque, sem o fotômetro de mão, eu teria de usar a tabela do filme, recurso, em princípio, menos exato. Não quis arriscar, afinal em serviços de conserto de câmeras usadas a garantia é de apenas três meses. E, funcionando bem no automático, claro, o fotômetro seria testado!
Então me pus a fotografar com ela e, numa saída fotográfica solo, levando não só ela como a Canon, aconteceu de o filme da Canon acabar e eu recorrer à TRIP quando passava por uns galpões antigos 


Luz no escuro_Marga Ledora_2010Luz no escuro, 2010

A foto é escura mesmo, a TRIP me fez essa surpresa de fotografar a cena apesar da pouca luz. O fotômetro funciona!
Ela está pronta, quero muita luz passando por sua bela lente.
 
As células de selênio vivem8.


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* Hoje é 24 de julho mas a data que estão vendo é a de quando quase foi publicada a postagem, que na verdade foi iniciada bem antes mesmo.
Acontece que fui contando coisas e mais coisas e senti necessidade de explicar outras tantas e, claro, acabei tendo de adiar. 
As notas são mais para quem tem interesse em informações de caráter técnico, quem não tiver esse interesse fique à vontade para ignorar ignorar.


1. Fotografia é uma arte cheia de características que precisamos de fato aprender, prestar atenção e pensar porque é bastante diferente de pegar uma câmera e sair mirando isso e aquilo e apertando o botãozinho disparador. Isso pode até ser válido se estamos com câmeras que só funcionam no automático.
Quando acionamos o disparador, o diafragma fica aberto por um tempo para captar a imagem no filme. Na TRIP esse tempo é , no modo automático, de 1/40 ou 1/200 segundo  e no manual  1/40 segundo. Não podemos regular o tempo de exposição como em câmeras Reflex, sejam analógicas (SLR) ou digitais (DSLR).
O que descrevi há pouco no texto sobre as aberturas não dá para ser seguido como uma norma fixa, vale para algumas situações e depende dos recursos da câmera usada. Por exemplo em fotografia noturna, o diafragma com abertura pequena fica aberto para um tempo maior de exposição à cena em câmera que tem um recurso de tempo chamado Modo B. Numa câmera como a Canon que uso, dois segundos é o tempo máximo que a câmera mantém o diafragma aberto, digamos, sem precisar de mais nehuma recurso. O Modo B é usado para tempos de exposição do filme acima desse de 2s, podendo-se manter o diafragma aberto por horas a fio, desde que se disponha de um tripé, para evitar trepidação da máquina que produziria foto fora de foco. Cabo disparador, a ser acoplado ao botão disparador da câmera, também é um acessório importante

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ainda mais se possuir um dispositivo que o trava para ficar p
ressionando o botão pelo tempo escolhido pelo fotógrafo.
Não sei ainda de se há alguma câmera com dispositivo interno para longas exposições desse tipo em modo B, que nos dispense de tomar conta da hora com um relógio. Fotos onde há carros em movimento são feitas com longas exposições

 


2. O fotômetro serve para medir a luz que atravessa a lente da câmera e vai incidir sobre o filme quando acionamos o botão disparador e o filme é exposto à cena que desejamos fotografar. Essa medição vai determinar qual a abertura de diafragma adequada para a exposição correta do filme e obtermos uma boa fotografia. Há fotômetro interno à câmera, como no caso das câmeras que uso,  e o de mão.
3. No modo A, é o fotômetro da TRIP que controla essas aberturas de acordo com a luminosidade entrando pela lente. No modo manual, o fotômetro dela não funciona. Com a experiência o fotógrafo pode adquirir a capacidade de decidir sobre as aberturas e conseguir, digamos, fazer um pouco o papel de fotômetro. Em outros tipos de câmera, o fotômetro funciona no modo manual também, na Canon AE-1 PROGRAM é assim.
O fotômetro de mão é o mais preciso, dizem, porque você vai com ele até o objeto, aproxima e mede a luz emitida por esse objeto ou pessoa, assim o aparelho determina a abertura ideal. Digo ideal porque o fotógrafo pode decidir usar ou não esse número, caso queira um efeito ou outro na fotografia. O fator experiência do fotógrafo não pode ser desprezado.

A luz medida pelos fotômetros é a refletida pelo objeto, isso leva um tempo para explicar, mas vejam a figura

Luz refletida pelo objeto Luz refletida pelo objeto  

4. Sim, as células de selênio morrem com exposição ininterrupta à luz, por isso a TRIP tem de ser guardada com a lente tampada e no estojo; é a maneira de proteger as células, preservando sua capacidade de identificar a luminosidade da cena.
5. Não editei as fotos, apenas ditalizei, o que já alterou um pouco as iamgens. Afinal, os olhos do escâner tem lá suas características e limitações, como os nossos olhos também têm.
6. Não sei qual meu nível de conhecimento sobre câmeras atualmente, mas o que sei é que é essencial ter um conhecimento mínimo, aprender com leitura, em cursos, sites, em conversas com quem tem experiência, sejam amigos, professores, profissionais e especialmente com o pessoal das lojas onde encontramos materiais fotográficos. Há sempre um deles com vontade de nos contar isso e aquilo sobre câmera, como fotografar também. Tenho tido o privilégio de ouvir deles todos informações que me ajudaram até mesmo avaliar lentes de câmeras, algo impensável há um ano, pois não sabia nada a respeito de equipamentos fotográficos e de como fotografar de verdade e sobre cuidados com o equipamento.
7. Para verificar isso, com a câmera sem filme, a gente olha para a lente e nota se o diafragma se abre quando o botão disparador é acionado. Não se movia, a abertura permanecia sempre com o mesmo diâmetro, não importando se decidisse por f2.8 quanto por f22. Travou numa determinada abertura por falta de uso, de limpeza e lubrificação.

8. O fotômetro não dá para dizer que foi consertado, não foi. Se as células não estivessem vivas, somente encontrando uma câmera TRIP que estivesse com outros problemas menos no fotômetro para retirar dela e colocar na minha. A Olympus TRIP 35 é adorada por muitos, li depoimento de fotógrafo que sai de loja em loja atrás de peças usadas, pois não se fabricam mais essas (e outras) câmeras,  para colocá-las em uso. Uma dica para quem se interessar em ter uma, há muitas em lojas de materiais fotográficos usados, e, se puder escolher, procure comprar TRIP com tampa para ter uma chance de o fotômetro funcionar. São câmeras baratas e com uma lente de primeira, a D. Zuiko. O teste da lingueta ajuda bastante na hora de decidir sobre o funcionamento do fotômetro mas não é tudo, um técnico competente é quem vai dizer como está a câmera.
A TRIP eu levei na Tema Técnica, aqui mesmo em Campinas (SP). Não  conhecia nem me foi recomendada por ninguém conhecido meu. Decidi levar lá por ver que havia donos de câmeras de outros lugares do país enviando para essa loja e satisfeitos. Também estou, valeu esperar pelo seviço. Em São Paulo e outros lugares no país têm técnicos especializados em conserto de câmeras analógicas para o alívio e alegria de muitos. É um incentivo para continuarmos fotografando com essas câmeras maravilhosas. 

sábado, 14 de maio de 2011

Dois artistas amigos



Dentro de mais algumas horas a exposição estará sendo aberta


e tenho o prazer de contar a vocês que conheço dois dos artistas que tiveram suas obras selecionadas para este evento


Antes de falar nisso, quero contar como os conheci. Em março participei da Oficina do Livro de Artista na Oficina Cultural Hilda Hilst, que tinha como orientador João Bosco1. Ainda vou mostrar o que andei fazendo nessa oficina que foi maravilhosa em vários pontos, pois até voltei a desenhar depois de meses lidando mais com fotografia e outros assuntos. Já vou eu me dispersar, devo me deter no assunto.
Um ponto alto foi o convívio com pessoas cheias de vontade de aprender, trocar informações, experiências e tudo em companhia de João, que dividiu com a gente o que sabe, o que pensa, sente e vive fazendo arte, ele que é artista plástico e também ilustrador do jornal Folha de S. Paulo. Aliás, é ainda um grande divulgador de outros artistas. Muito se falou dos artistas da Campinas, algo raro em cursos e oficinas em que muito do que se diz é sobre artistas estrangeiros apenas. João valoriza toda a arte e compartilha o que sabe com quem está perto.
Uma pessoa de presença marcante foi Eni. Durante as apresentações iniciais em que cada um diz o que faz, por que decidiu participar da oficina, essa moça foi das mais rápidas, manifestando uma timidez rara porque Eni trabalha silenciosa em seus desenhos carregados de significações, tecidas com linhas que surgem belas no espaço da folha de papel visitada por seus gestos delicados.
Ah... mas e quando lhe vêm as palavras... e me expresso assim porque, depois de visitar meu  blog, Eni escreveu suas impressões. Ela se expressa de um modo sensível, atento, com uma emoção e sinceridade inesperados e que eu segurei, ainda seguro com as duas mãos de tão bom de ler.
Primeiro vi um desenho de Eni, que ela não quis descrever e não precisava. Figuras humanas em meio a uma trama de linhas, nos enchendo de perguntas que devem mesmo ser dirigidas a ele, o desenho, e a nós.  Seu livro de artista, vi pronto, em cada página uma imagem formada por papéis rasgadinhos, colagens. Não sei de sua formação, de quando começou a fazer arte, o importante é ouvi-la, lê-la, ver suas criações, por que eu haveria de saber mais? É evidente a delicadeza e a força do que cria, do que diz, de quem é Eni
Sem título

João fez um livro de artista que é bárbaro. Diz que é sobre o nada, mas me pus a uma leitura da superfície das páginas supostamente vazias e

                                                
Ambos já se conheciam, João e Eni. Eu tive a sorte de encontrar os dois. Eles têm bondade e respeito pelo outro, são pessoas que sabem como iluminar caminhos da arte e da vida para si, o que é essencial, e especialmente para os outros.
Eni e João participam da Bienal com essas monotipias2


Sem título, de Eni Ilis
Monotipia s/papel


Memórias da parede, de João Bosco
Monotipia s/tela3

Que a exposição, que vai ficar aberta à visitação até o dia 25 de junho, leve mais olhos às artes de Eni e João!

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1. No site de João Bosco dá para ver mais obras dele, aproveitem: www.joaobosco.art.br
João também tem belos cartões feitos um a um, ou seja, são pequenas obras de arte, à venda em alguns lugares: em Campinas (Livraria Pontes, Café &Arte, Inventor de Sonhos) e em outros locais. 
2. Há controvérsias sobre monotipia ser gravura por conta de não ser feita com uma matriz com que se possa reproduzir a imagem mais vezes. Fico contente de para os organizadores da Bienal o critério ser outro, certamente o da qualidade da obra, para a seleção, o que amplia a possibilidade de participação  de quem tem essa arte como meio de expressão. 
3. João faz arte de uma modo muito seu, nesta monotipia, por exemplo, ele preparou a tela com tinta latex e massa corrida antes de fazer a monotipia com tinta gráfica.   
                      
ML_Quero comentar sobre a confiança de Eni e João quando pedi para me enviarem fotografias das obras selecionadas para esta postagem. As fotografias são de João. E dizer que o fiz movida pela alegria de poder compartilhar a notícia, fazer o convite não exatamente para a abertura, pois demorei a começar a postagem, mas sim convidar para visitar a exposição.  
Devo confessar que tem dois lados quando se escreve sobre pessoas que se conhece não importa o tempo que faz isso. Não me propus mesmo em descrever as obras, as monotipias de linha deles a gente nota que cada um tem sua personalidade, seu repertório de imagens e isso é o que faz a riqueza da expressão artística de João e Eni. Cada um com sua bagagem de vida construindo um universo de imagens. 
O outro lado é um certo receio de não fazer a melhor colocação, a abordagem merecida; é diferente escrever sobre artistas, pessoas com quem não convivi, embora possa dizer que escrever é sempre uma responsabilidade grande. E, como diz João, tem um componente afetivo permeando minha escrita e uma ansiedade em contar logo a todos que neste momento os dois e todos os selcionados, os envolvidos no evento devem estar em meio a uma agitação gostosa, talvez um pouco tensa mas daquelas que vão ficar na história pessoal deles.
Ser selecionado para uma bienal, um salão de arte, um concurso, representa um reconhecimento, uma valorização importante dessa arte que é feita pelos artistas em seus ateliês, e naturalmente uma oportunidade de levar ao público suas obras.
Devo confessar que fui vencida pelo tempo pois termino a postagem com a abertura da exposição acontecendo.




sexta-feira, 13 de maio de 2011

13 de maio de 1888 | May 13th 1888


No dia 13 de maio de 1888, princesa Isabel assinou a Lei Áurea promovendo a abolição dos escravos.
Hoje é 13 de maio de 2011, não vou tecer comentários* sobre esse ato histórico da princesa que pode ser comemorado, pode muitas vezes ser ignorado, pode ser motivo de alegria e de vergonha e para outros deve ser esquecido, pode parecer não ter acontecido, pode ser confundido com justiça, pode ter sido apenas para se livrar de uma situação embaraçosa perante o mundo ou para libertar os próprios esgravagistas dos encargos com escravos e da pressão de abolicionistas. O Brasil foi dos últimos a tomar uma decisão como essa.
Sou negra, 


e parte dos meus ancestrais vieram ao país trazidos em navios negreiros1

 

para servirem de escravos.
Desde que vi imagem semelhante a essa pela primeira vez, foi em 1983, não me esqueci mais, impressionada2




Como artista lido com imagem, volta e meia me pergunto como posso me "apropriar"3 dessa imagem do navio negreiro como artista, e sim como negra, pois o navio negreiro é a construção de uma memória de algo que não vivi mas herdei

N.N. | S.S., ~2006
Monotipia e pintura s/papel


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* Há pessoas talhadas para argumentar e contar o que foi mesmo a Lei Áurea, como os historiadores, pesquisadores. Li, faz muito tempo, em algum texto que a situação dos negros não ficou exatamente dourada e sabemos que ainda não é. 
Sabe-se mais: atualmente há quem escravize outras pessoas de inúmeras maneiras.
1. Essa imagem representa uma possível distribuição dos escravos num dos porões de um desses navios ou tumbeiros, outro nome dado a essas embarcações em que homens, mulheres e crianças negros eram transportados de África para vários lugares do mundo, sempre para se tornarem escravos.  
2. Aqui é um detalhe do esquema para uma ocupação total da área do porão. A mim isso impressiona muito cada vez que vejo e penso que se tratava de seres humanos e não de mercadorias.
3. É um projeto em que venho trabalhando e não sei ainda quando vai se completar, na verdade como vai tomar corpo de fato e poder ser mostrado não como um espetáculo.


ML_ Não foi uma decisão simples resolver escrever aqui sobre o assunto da lei, da escravidão. Para uma boa parte da população isso não é coisa que se comente. Vi um quase nada de comentários ou menção à data histórica. Nas emissoras de televisão a que assisti preferiram tratar da superstição de azares e sortes do dia 13, foram até mesmo passar por debaixo de escadas munidos de suas câmeras e o desfile de Gisele Bündchen pela primeira vez usando uma lingerie foi destaque também. 
Ouvi de um jornalista que a abolição da escravatura foi, sim, uma coisa importante para os negros mas que foi para os brancos porque se tornaram livres...
Não tive tempo de procurar textos, links para sugerir.
Assunto delicado, embaraçoso, acho que até essa postagem eu estava com esse mal-estar de alguns ao ponto de me calar também. Por um certo tempo meu silêncio se deu por eu não perceber que ser diferente, como ter a pele escura, levava alguns a ter ideias preconcebida sobre uma pessoa. Então depois de aprender isso eu me calei mais ainda. 
Não faz muito anos que a consciência de ser negra passou a ser parte de mim como afirmação essencial, como valorização mesmo dos meus ancestrais, das minhas raízes que se estendem até a África. Isso foi nas tantas conversas com Pedro, que com seu olhar foi descobrindo a África nos meus desenhos e me mostrou.


This text is about the 13th May 1888, the year of the princess Isabel signed the famous 'Golden Law' ("Lei Aurea") in Brazil. It was one of the last nations in the western world to abolish slavery. I am  a black woman and here I try to say sometihng about this and remember my black ancestors who were slaves. And show two images of a slave ship, the last is a monotype that I made inspired in a old scheme of one of these slave ships. 
I write about my necessity of remember this fact and all despite the dificulties and think.

Ver também:





domingo, 17 de abril de 2011

Recomendo_Exposição


Ontem estava em frente ao computador quando minha mãe me disse ter assistido a uma reportagem sobre exposição na cidade, mas só se lembrava do nome da rua do local: Benjamin Constant. Ela ainda comentou que eu acharia na internet.
Com esses dados me pus a pensar o que mesmo tem de espaço nessa rua onde pudesse haver exposição. Eu, na verdade, me perguntei isso. E depois de percorrer a rua mentalmente, topei com o MACC, o Museu de Arte Contemporânea de Campinas


Só podia ser! Nada como a internet e um buscador razoável. Logo achei a notícia completa e com direito a vídeo no site da RAC. Trata-se da exposição Até um quilo do grupo paulistano ALUGA-SE, com depoimento de Fernando de Bittencourt, curador do Museu,  e de Adrina da Conceição, artista visual e arquiteta.


Não vou me propor a descrever, a falar sobre porque ainda não fui até lá e o vídeo é bastante claro.  As obras que se podem ver nele já me fazem ter vontade de ir pessoalmente ao MACC, ver de perto é que vai me fazer certamente ter uma opinião, impressões sobre o que está em exposição.
Gostei da proposta do ALUGA-SE e especialmente do fato de a exposição ser aqui na cidade, eventos culturais sempre me interessam e Campinas precisa de mais eventos desse tipo.
Algo que é bem diferente são as regras de participação na exposição, que tem caráter itinerante, vai ainda para outras cidades. Artistas de todo o país e mesmo do exterior têm de ser convidados e precisam respeitar o modo de envio das obras.
Estou ansiosa para ver o resultado dessa pecualiridade da exposição, que pode de fato trazer muitas surpresas ao visitante mas que sem dúvida antes deve ter surpreendido aos próprios artistas, que, como diz Adriana, faz com que o artista tenha de se adaptar aos critérios, evidentemente preservando ou não certas características de sua arte, e necessariamente incorporando novas soluções.

Exposição Até meio quilo
De 14 de abril a 8 de maio
MACC
Rua Benjamin Constant, 1633, Centro
Campinas - SP
(19) 3236-4716 e 2116-0346

Visitação: de terça a sexta-feira, das 9 às 17h
Aos sábados, das 9 às 16h
Aos domingos e feriados, das 9 às 13h
Entrada Gratuita

SOBRE O ALUGA-SE

domingo, 27 de março de 2011

As câmeras que uso*

 
Antes de enveredar pela experimentação com filme preto e branco, por receio de não me acertar com câmera SLR 35 mm, usei filme colorido. No caso, comprei um bem mais barato que o P&B para me sentir mais à vontade, mas não me permitindo escolher um filme que não tivesse uma certa qualidade porque, afinal, podia fazer uma bela foto.
SLR quer dizer single lens reflex, é o que se chama comumente de câmera monorreflex, pois ela tem um sistema interno¹ com espelhos que nos permite ver a cena pelo visor exatamente como a câmera a e decidirmos o que e como queremos captar a cena ou parte dela, fazendo o enquadramento.
Eu nunca tinha chegado perto de uma dessas, tanto que para saber se a Olympus TRIP 35² que foi de meu pai era ou não reflex fui parar numa livraria e, lendo um livro, cujo título não me recordo no momento, descobri que não. A TRIP tem o visor para o lado e é preciso ter algum cuidado para enquadrar a cena, um objeto ou pessoa. Nele há umas marquinhas para nos basearmos, pois a imagem como vemos pelo visor não coincide com a que é vista pela lente, que fica em outra posição

DSCN6406post

Numa câmera reflex o visor fica na parte superior dela, na mesma direção da lente, aliás um pouco acima, voltado para os espelhos de que falei e refletem a imagem que passa pela lente, é essa diferença que torna o fotografar muito mais facilitado. Por exemplo, ao fotografar pessoas com uma TRIP existe o risco de, se mal enquadradas, elas saírem na foto sem as cabeças; numa reflex isso pode acontecer mas só se o fotógrafo quiser, afinal o que se vê através do visor é o que vai ser captado no filme de uma câmera SRL analógica ou no sensor de uma digital DSRL3

Lente
Visor Canon AE-1 PROGRAM_visto de cima_
Visor
Visor Canon AE-1 PROGRAM
Visor com protetor4

Acho que já tinha notado antes, mas o que mais me impressionou, em primeiro lugar, foram os anéis nas lentes das câmeras fotográficas. Na TRIP são três, 

Lente D. Zuiko_40mm

o anel na borda da lente corresponde à ASA do filme, dado sobre o filme que há um tempo considerável passou a ser chamado de ISO5; o anterior, com as figurinhas, tem a ver com as distâncias necessárias para focalizarmos a cena ou um objeto nela, definindo uma área de nitidez  (1 m ao infinito [])6; o bem próximo ao corpo da câmera é o anel das aberturas de diafragma (de f/2.8 a f/22)7.
Numa reflex... bem, deixa eu apresentar a reflex com que fotografo. Trata-se de uma Canon AE-1 PROGRAM, câmera japonesa que começou a ser fabricada em 1981 e com produção interrompida em 1986 e considero mais uma maravilhosa companheira fotográfica com que conto, uma vez que antes já estava com a Olympus TRIP 35, uma bela máquina dos anos 1960, com lente de 40 mm8.
Aqui está 

vintage-canon-ae-1-program-slr-camera1

abaixo os detalhes em sua lente, que é de 50 mm e possui mais anéis:

Lente Canon FD 50 mm

o do meio é fixo e corresponde à profundidade de campo9, medida em metros; o bem próximo ao corpo da câmera é o anel das aberturas de diafragma (de f/2.8 a f/22); o outro das distâncias focais ( 0.60 m ao ).
Em seguida notei a diferença das partes superiores das câmeras. Mal me acostumei com a TRIP10

Olympus TRIP 35_de cima

e, ao ver a Canon,

Canon AE-1 PROGRAM2

fiquei sem entender nada, ou quase isso, e corri procurar um manual na internet, não me sentia com coragem de mexer em todos aqueles botões, alavanca... e felizmente hoje posso dizer que me entendo bem com ela. Foi o manual, mais algumas conversas com Vera [Albuquerque], a orientadora da oficina que fiz no Lasar Segall, e também com Agnes, colega que se tornou amiga, tem uma Canon e me ajudou a saber onde ficava o fotômetro, um elemento essencial para fotografar e de que falo numa outra ocasião.
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* É difícil não ceder à tentação de explicar certas noções técnicas sobre as câmeras e o modo como se faz uma fotografia, portanto se não for do interesse nesse tipo de informação o melhor é ignorar as notas, em boa parte delas creio que extrapolei nas expliçações. Na verdade, falar da minha experiência, do contato inicial com o uso das câmeras acaba passando mesmo por assuntos técnicos, eu não sabia praticamente nada sobre o assunto, achava que era só pressionar o disparador, posicionar a câmera e pronto. Não é assim quando se tira a câmera do automático e ela fica nas nossas mãos.

1. Para variar eu vou procurar não ficar falando grego, ou melhor, usando termos muito técnicos porque ficaria chato, cansativo para quem tem alguma curiosidade sobre fotografia mas também não vai acabar perdendo o interesse ou se confundindo. Esse sistema de espelhos se chama pentaprisma, mas basta saber que é formado por espelhos, a gente sabe que servem para refletir e isso é suficiente para entender um pouco. A imagem refletida passa de um espelho ao outro até a vermos pelo visor.
2. O 35 quer dizer que na câmera se usa o filme 35mm. Isso tem explicação mas...
3. Nas câmeras reflex digitais, as DRLS, também há o pentaprisma. Em alguns aspectos elas se parecem com uma reflex analógica, só que as diferenças são várias, a mais visível é a existência da tela de LCD na parte traseira das câmeras digitais, onde se vê a fotografia pronta. Tela que em câmera digital compacta, as mais comuns, servem para enquadrar a cena, como as Cybershot da Sony e outras que não têm visor nenhum e a lente fica deslocada para o lado esquerdo do corpo da câmera

Câmera digital_sem visor
4. Este acessório que chamei aqui de protetor, mas não estou certa do nome, creio, serve para a gente olhar através do visor de modo a facilitar a visão dos pequenos números do fotômetro interno, que fornece indicação da abertura do diafragma da lente depois que determinamos a velocidade de disparo da câmera, ou seja, o tempo durante o qual o diafragma vai ficar aberto para expor o filme, que fica no fundo do corpo da câmera, à luz, à cena que enquadramos. É muito útil quando se está numa posição em que o sol interfere atrapalhando de ver a indicação do fotômetro. Fonte da foto: http://www.mir.com.my/rb/photography/companies/canon/fdresources/SLRs/ae1/index1.htm
5. ISO é aquele número que vem na caixa do filme, ou em câmeras digitais que têm o recurso para escolher o ISO, como os mais comuns: 100, 125, 200, 400. Cada vez que colocamos um filme numa câmera devemos ajustar este anel para o ISO desse filme, pois a câmera fica preparada para ser usada com esse filme específico. Cada filme tem características não só no que diz respeito a ser P&B, colorido, mas também há outras especificações em jogo.
6. Essas distâncias são medidas em metros ou pés (ft). Não comentei sobre foco, pode-se acertar o foco da lente manualmente, que é quando se controla o processo,  até ver se a imagem não está desfocada, quero dizer, pouco ou nada nítida. Já posso adiantar que isso não é um procedimento rígido, na medida em que se pode decidir na cena o que queremos que fique nítido ou não na foto. Veja, na foto,

profundidadedecampo03

o galo aparece desfocado por vontade do fotógrafo, porque lhe interessava nitidez apenas na escultura.
7. Só para dar uma ideia do que estou falando ao me referir a abertura de diafragma, ver a figura

diafragma

Estranhei muito o fato de que quanto maior o número é menor a abertura do diafragma. Há uns cálculos que explicam o que são esses números f, mas o essencial é não esquecer disso, essa informação é importantíssima, porque é pela abertura do diafragma que a luz entra, a gente tem de controlar para obter uma fotografia. Se, por exemplo, há muita luz no ambiente/cena, podemos usar aberturas menores, do contrário vai entrar muita luz e a foto vai ficar muito clara, às vezes praticamente em branco. Este assunto eu simplifico porque existem outras fatores envolvidos na questão das aberturas, da luz, do tempo de exposição etc., está tudo interligado.
8. Acho melhor não explicar muito o que é uma lente de 40 mm ou  50 mm. Essas medidas têm a ver com o ângulo de cobertura da cena pela lente, por exemplo a de 50mm num ângulo de 45º, o que é muito próximo da visão humana, isso em relação ao nosso ângulo de visão, motivo pelo qual ela é chamada de normal. Pode parecer estranho mas a lente de 40 mm num ângulo maior ainda e quanto mais milímetros tem uma lente menor é o ângulo, menor a área vista pela câmera porém maior a aproximação da cena ou objeto a ser fotografado. Coisas que com o tempo fazem todo o sentido.
9. Conforme a escolha que fazemos da abertura de diafragma da lente, podemos ter à nossa frente (e da máquina fotográfica, claro) zonas de maior ou menor nitidez. Uma mesma cena pode ser fotografada a partir de uma mesma distância, focando o mesmo objeto na cena,  mas ora com uma abertura maior, ora com uma menor, por exemplo  f/2.8 e  f/16 (ver nota 7) e vamos obter duas fotos com os mesmos elementos mas com diferentes áreas de nitidez.
Nesta foto 

profundidadedecampo03 

o fotógrafo podia ter privilegiado o galo, deixando a escultura fora de foco como na foto a seguir

profundidadedecampo04  
10. Recorte de fotografia do artigo em busca da câmera obscura de Mario Arruda.

ML_ Eu me arrisquei ao falar sobre câmeras digitais pois não uso e o funcionamento tem lá suas diferenças de que sei muito pouco. É resultante de evolução que se dá o tempo todo. Li que já existem câmeras sem o sistema de espelhos e a variedade de tipos é grande, desde as mais comuns para amadores, as semiprofissionais e as profissionais. Para ser sincera e não dizer que não uso digital, uso a do celular.
Na verdade, fazia um tempo que queria falar um pouco das câmeras que uso e, ao começar a escrever, é que vi como há muito mais a dizer sobre elas e sobre fotografar. Espero ter dado alguma noção do que sejam essas câmeras, seus recursos básicos, sem cometer imprecisões graves. Estou em progresso, estudando, fotografando, aprendendo.

Primeiras fotos | First photos


Algumas das primeiras fotos que fiz com informações básicas sobre o funcionamento de câmeras e sobre fotografar, estas feitas com a Canon AE-1 PROGRAM

Hora do Lanche_Marga Ledora_Dez 2010_reduz  Hora do lanche | Afternoon tea, 2010

Flores de Bananeira_Marga Ledora_Dez2010_reduz  
Flores de Heli | Heli's flowers, 2010

A Hora do lanche tem como modelos as pombas que vêm todas as tardes comer um pouco do milho generosamente a elas ofertado por minha mãe. Não tinha o tripé adequado por isso foi meio complicado fotografá-las, tive de ficar o mais quieta possível para não ser vista e evitar que se assustassem com minha presença e mais a câmera.
Nunca havia pensado em fotografá-las antes, o lanche acontece há muitos anos; foi só mesmo depois de ter decido fazer o curso que voltei  meu olhar para uma porção de coisas, eventos e muito mais, incluindo as pombas, pardais e outros pássaros que aparecem.
"Flores de Heli" (Heliconia rostrata) é um título provisório ainda. Esta foto é um recorte de uma foto maior. Quis mostrar assim, só um cantinho da foto, porque ali dá para ver o que falei na postagem anterior sobre  o foco: a folha e as flores em primeiro plano estão mais nítidas do que os demais elementos na cena porque ajustei a câmera para isso.

ML_Here I show some of my first photographies made with a Canon AE-1 PROGRAM  and a 50 mm lens. I was experimenting notions of photography and  recognize I need to learn more and more about this art. Photography is a passion!
Heli's flowers is the provisoriy name of the photography, the plant is  tropical, its scientific name is Heliconia rostrata. In this photo only a part of the flower appears. I will post more of these flowers yet, they are one of my favorite models like the pigeons that came here to eat all the afternoons. Heli's... is edited photo, because in this part I wanted to show areas in and out of focus. I follow experimenting.

segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

Um modo muito especial de ver fotografia




Deficiente visual fotografa? E como! Evgen Bavcar que o diga, ele é o autor dessa fotografia. Ele é deficiente visual e fotografa, sim, como podemos ver aqui e nas inúmeras exposições de suas fotografias pelo mundo afora. E felizmente ele não é o único.
No SENAC, em São Paulo, há o projeto Alfabetização Visual(1) dentro do qual, entre outras propostas, está a atividade com deficientes visuais. São dadas a eles orientações de como fotografar e, não sei se a reportagem que assisti há umas semanas no SBT Repórter era desse pessoal, mas pude me emocionar muito com um rapaz que ensinou o repórter a fotografar com os olhos fechados. Tem um procedimento muito eficaz. Na foto de Evgen dá para ver algo que faz parte da técnica, isso de colocar a mão sobre o que se vai fotografar e depois deve-se afastar alguns passos para trás e só então posicionar a câmera junto ao rosto e acionar o disparador.
Só que  vão ter de me desculpar, devo retomar o ver fotografia porque, em meu entusiasmo em mostrar um vídeo com uma notícia que acho bárbara e que foi o que me moveu a escrever meio rápido, pero no mucho, estou me afastando do tema há algumas linhas do texto, vou retomá-lo.
Fico tão feliz quando a tecnologia permite a inclusão de mais pessoas nas coisas boas da vida! Ver fotografia é uma delas






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1. Gostaria de poder informar mais sobre esse projeto, como se pode ter acesso a ele e outras mais, vou ficar devendo, mas vou encontrar e coloco no blog assim que possível. Soube do projeto agora há pouco. Bem, há um link para uma página onde se fala de como são orientados e sobre uma exposição de que os novos fotógrafos apresentaram suas fotos: Morumbi recebe exposição do projeto Alfabetização Visual do SENAC


ML_  A fotografia de Evgen Bavcar tem como título A Close Up View. A fonte é THE ARTS BLOG 
Foi perfeito tê-la encontrado e não resisti em descrever o procedimento que vi no programa. Evgen deve ter a ver com essas atitudes de valorizar o deficiente visual. Foi o primeiro fotógrafo como ele de que soube e fiquei maravilhada! Agora que comecei a fotografar o que ele e outros fotógrafos fazem  adquiriu uma importância maior e saber mais a respeito do fazer de todos eles, videntes ou não, se tornou mais do que necessário e é uma aprendizagem de muito mais do que fotografia mas de vida mesmo, incluindo doses maciças de respeito pelo outro, pelo sonho e a realização do outro e do que é meu também.
Em tempo, aqui vai o link da reportagem do SBT Repórter, não vi inteiro na tv  e também vou aproveitar SBT Repórter mostra como é a realidade dos cegos no Brasil

sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

Recomendo_Papel de bala

image

De verdade, o assunto é papel de bala. A gente come a bala e nem olha direito para o papel, não é? Mas tem arte em cada balinha rápida ou lentamente apreciada, pode crer!

E no Museu Paulista da USP, certamente mais conhecido como Museu do Ipiranga, vamos poder olhar mais atentamente para esses papéis que foram cuidadosamente decorados para atrair nossos olhos. E que, como dá para ver acima, nem sempre tinham explicitamente o sabor sequer insinuado, os motivos não eram óbvios. Não dava para saber se era de morango ou abacaxi, como o das balas dentro do pote que fica sobre o balcão de minha sala de jantar

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e pensando bem, esse papel é engraçadinho!

Os papéis de bala na exposição são antigos. Ainda não fui visitar, mas me parece bastante convidativa para quem é curioso sobre o que se fazia antigamente, se interessa por arte visual ou em saber de mais algumas das  milhões de maneiras que o ser humano inventou de oferecer beleza, graça, enfim, uma imagem para nossos olhos.

Exposição PAPEL DE BALA

Museu do Ipiranga | Museu Paulista

Parque da Independência, s/nº

São Paulo, SP

Tel. 11 2065 8001

Visitação: até o dia 20 de março, de terça a domingo, das 9 às 17h
Ingressos: R$ 6,00 - estudantes R$ 3,00

segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

Experimentações fotográficas


E não é que não andava achando...


 ... é, sim, uma caixa de lenços de papel, só que se trata da minha favorita há um bom tempo! Esta é uma aba lateral dela. Coloquei aqui para verem que realmente estou em ritmo de fotografia em preto e branco. Há caixas com várias estampas e de várias marcas, mas, quando vi essa com foto, simpatizei, acho que compro sempre que tem na loja onde estou e comecei nisso mesmo antes de ter aulas de fotografia P&B.

Descobri muitas coisas sobre fotografia de um modo geral, não só a P&B, mas me apaixonei por esse tipo de fotografia! Não dá para contar muito numa postagem só o que andei aprendendo sobre fotografia, por isso de vez em quando vou escrever alguma coisa, o que estiver mais claro para mim e quando elaborar uma maneira adequada de contar, explicar direito para não confundir.
É durante a revelação e o fazer cópias que se tem uma noção mais verdadeira do que seja fotografia. A relação entre o objeto fotografado e esses procedimentos é mediada por vários fatores, sem falar na qualidade e na limitação de cada câmera, no tipo de filme usado, no manuseio da própria câmera também são importantíssimos. E o ponto de vista do fotógrafo e sua intenção, as condições de luz...
Então a gente vai revelar o filme. Tem todo um procedimento que, se mal feito, pode acabar com suas imagens. Comentei em postagem anterior que a revelação se dá em quatro momentos, colocando-se o papel fotográfico ou o filme por um determinado tempo mergulhado em cada uma das soluções: revelador, interruptor, fixador e banho de lavagem. No caso de filme P&B isso tudo é feito num tanque de metal ou plástico vedado à luz(1).

Não sei se falei em agitação dessas soluções com o papel ou o filme mergulhados nelas. Pois é, não é só largar lá e contar os minutos ou segundos e passar para a solução seguinte, tem de agitar e deixar descansar por alguns períodos alternadamente.
Lavado o filme, o que leva uma meia hora, vem a secagem num varal. Só o observei bem depois de seco porque não se pode ficar manuseando sem danificar o filme.
Falei em copiar, é outro procedimento importante, quando fui copiar um dos meus fotogramas(2) com auxílio de um ampliador(3), foi necessário fazer um ajuste nele porque havia fotografado de modo não adequado e, em fotografia, faz-se correções no momento da copiagem. Não fossem o ajuste e o teste não chegaria a uma foto minimamente boa

Tira de teste

Este é o resultado do teste de exposição à luz que fiz para decidir qual o tempo a que devia expor a imagem registrada no filme na tira de papel fotográfico. Há umas faixas de tons diferentes, não é? A parte mais escura foi a que recebeu luz por mais tempo, medido em segundos, e a última porção a que foi iluminada pelo ampliador por menos tempo(4). Essas faixas vão sendo formadas porque a tira de papel foi sendo exposta à luz aos poucos e durante a mesma quantidade de tempo. Se não me confundo, foi de 4 em 4 segundos.  

O que se faz diante dessa tira é olhar bem e escolher a melhor porção da tira


Em A a definição das nuvens quase faz a gente optar por ela, mas o perfil do prédio fica muito escuro, então a escolha recaiu em B. E a foto inteira foi exposta à luz por 8 segundos

Barracão, 2010



Nessa hora o que vale é as várias áreas da foto ficarem bem, por isso esse teste é realizado para cada fotografia, para o desânimo de muitos. Acho bobagem porque com foto digital os ajustes e alterações feitos nos editores de imagem, como o famoso Photoshop,  são muito semelhantes ao que fazemos num laboratório. Se ficar na base do clica ali e clica aqui no automático, sem observar o que é de fato necessário fazer, pode não chegar a uma bela foto também.
Nesta foto me interessava muito o perfil do barracão de que se vê a fileira de vidros, sou apaixonada por ele, foi um caso de amor à primeira vista. Mesmo assim de perfil ele me fala de sua imponência e beleza. 
Ao passar por ele eu me emociono de tal modo que não sei explicar. Vou voltar a fotografá-lo quantas vezes me for possível. Digo "possível" porque na semana passada comecei a descobrir lugares onde é proibido fotografar sem que se seja explicitamente informado de modo não constrangedor, não há cartazes com avisos, por exemplo. A informação sobre a necessidade de autorização se deu via segurança do local. Fiquei transtornada e ainda estou me preparando para pedir uma. Espero conseguir fazê-los entender que não tenho intenções estranhas ao fotografar no local. É fotografia e ponto final!
Barracão é uma foto que desejei muito, sabia menos do que sei agora para fazer uma boa foto. Ela está clara, ou como se diz na área, foi superexposta [à luz durante o fotografar], ficaria pior sem o ajuste no ampliador. Talvez precise de uma exposição à luz por uns 9 segundos ou 10. Ainda vou insistir em novos testes(5) até ficar muito boa, o barracão merece uma foto melhor!
Fotografia é algo muito presente na vida de cada um de nós e isso com uma intensidade cada vez maior dado que temos câmeras até nos celulares. Quero aprender muito e mais sobre câmeras, filmes, revelação, ampliação, cuidados com os equipamentos, todo o material usado. Não quero fotografar por fotografar. Fotografar vai tomando conta de mim, do meu universo criativo; a fotografia está adquirindo uma importância que me surpreende ainda. Ela veio a se somar às possibilidades de expressão que o desenho já me dá há muitos anos. Tem sido muito bem-vinda!


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1. Como o filme P&B TRI-X da Kodak, que usamos, não pode ser exposto a nenhum tipo de luz antes da revelação, temos de colocá-lo num tanque especial e no escuro. Antes o filme deve ser enrolado numa espiral... Aqui a história é longa e, na oficina de fotografia básica, a orientadora, Vera, colocou os filmes de todos em tanques no laboratório e depois fomos chamados para o momento da revelação com as soluções já preparadas. Meu filme estava num tanque com mais três e Telma, querida amiga e colega, ficou responsável pela revelação, que acompanhei ansiosa.
2. Cada imagem impressa no filme se chama fotograma também. Ver outro significado na postagem Fotografando.
3. Trata-se de um aparelho no qual se coloca o filme onde está a imagem a ser copiada, e que, no momento certo e com a luz acesa, essa imagem vai ser projetada sobre o papel fotográfico posicionado logo abaixo do ampliador. É como disse, há uma porção de detalhes que vou omitir aqui, esse é mais um, porque é meio complicado descrever em poucas palavras. Para quem se interessar 
http://daniela.lage.sites.uol.com.br/dicas/laboratorio_ampliacoes_pbII.htm 
[ver especialmente os itens de 2 a 6, os demais são dicas de revelação de filme P&B].
Nesse site o que se vê é um pouco diferente do que fiz, o negativo coloquei num suporte do ampliador e não diretamente sobre o papel fotográfico. No site é feita cópia por contato.
4. Usa-se um pedaço de cartão de papel grosso através do qual não passa luz, e a cada exposição à luz uma porção do papel fotográfico vai sendo descoberto.
5. Farei novas cópias a partir do mesmo filme, que por isso deve ser muito bem guardado num arquivo apropriado. Novas fotos também serão feitas, não tenham dúvidas!